Organização argentina identifica 139.ª criança roubada durante a ditadura

A organização argentina 'Avós da Praça de Maio' anunciou hoje a descoberta da "neta n.º 139", uma das centenas de bebés roubados a prisioneiros durante a ditadura argentina (1976-1983).

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© LUIS ROBAYO/AFP via Getty Images

Lusa
21/01/2025 23:11 ‧ há 4 semanas por Lusa

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Argentina

A "menina" que tem hoje 47 ou 48 anos, "nascida entre janeiro e fevereiro de 1978", é filha de Noemi Beatriz Macedo e Daniel Alfredo Inama, militantes marxistas-leninistas raptados em novembro de 1977, relatou a presidente da organização, Estela de Carloto, em conferência de imprensa.

 

Noemi foi detida em La Plata e Daniel em Buenos Aires e continuam desaparecidos, acrescentou.

"Bem-vinda, neta n.º 139! (...) Inexoravelmente, a verdade sobre os crimes da ditadura continua a vir ao de cima", segundo a responsável, a partir do Espaço da Memória, em Buenos Aires, no local do antigo centro clandestino de tortura da Escola Superior de Mecânica Naval (ESMA), uma das mais infames da ditadura.

A criança 139, cujo nome, como é habitual não foi divulgado --- cabendo à própria essa decisão --- teve a sua identidade confirmada por testes de ADN. Tem dois irmãos biológicos, um dos quais, Ramon, que esteve na conferência de imprensa.

Depois do contacto pela organização, a criança 139 concordou em fazer um teste de ADN e viu confirmada a sua identidade na segunda-feira.

A descoberta do 139.º "bebé roubado" acontece menos de um mês após o anúncio da descoberta do 138.º: o filho de um casal de ativistas de esquerda desaparecido desde 1976.

Sob a ditadura, pelo menos 300 crianças, segundo as estimativas, foram roubadas depois de nascerem de mães detidas e serem entregues a um lar, geralmente politicamente próximo do regime.

Ao longo de 47 anos de investigação, em 139 casos foi encontrada a identidade original da criança, resultando, por vezes, em reencontros emocionantes com os sobreviventes das famílias biológicas. Mas, por vezes, a identificação só ocorreu depois da morte.

Segundo estimativas de organizações não-governamentais de direitos humanos, cerca de 30.000 pessoas morreram ou desapareceram durante a ditadura.

Um número atualmente contestado, nomeadamente pelo Presidente ultraliberal Javier Milei, que refere menos de 9.000, invocando a lista "oficial" da Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep), que em 1983-84 elaborou um registo - provisório - de 8.961 pessoas desaparecidas.

Leia Também: Argentina inverte défice comercial e tem maior excedente em mais de 20 anos

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