"Atualmente, pelo menos da parte do povo, há maior abertura à língua e cultura de matriz portuguesa. Ele tem melhor consciência de como é rica e única a cultura indo-portuguesa", declarou o professor universitário goês à agência Lusa.
Por outro lado, quanto à aprendizagem da língua, "o número de alunos tem aumentado ao longo dos anos", num contexto em que "tanto a Fundação Oriente como o instituto Camões têm exercido um papel relevante nesse sentido".
Em 1961, a União Indiana anexou o então estado da Índia, colónia portuguesa que era constituída pelos territórios de Goa, Damão e Diu.
"Os meus pais, Fernando de Noronha e Judite da Veiga, apesar do novo condicionalismo político, continuaram, na medida do possível, com o modo de vida a que estavam habituados. Por isso é que viemos, muito naturalmente, a falar a língua portuguesa e a cultivar a literatura e a música portuguesas, sem embargo do nosso amor à língua concani", declarou Óscar Noronha.
O seu pai inculcou na família "um amor ao idioma luso" e, a pedido dos filhos, "deixou registadas as suas memórias" em dois livros: "Momentos do meu passado" (2002) e "Goa tal como a conheci" (2018), este publicado postumamente.
"Escrevi a biografia do meu tio-avô, monsenhor Castilho de Noronha, que foi parlamentar [da antiga Assembleia Nacional do Estado Novo], além de ter sido professor do Seminário de Goa, diretor de um jornal e autor de duas obras sobre a filosofia indiana", disse.
Como "muitos aspectos da cultura comunitária estão a desaparecer", Óscar Noronha produz há alguns anos o 'podcast' "Renascença Goa" com o objetivo de "redescobrir a cultura indo-portuguesa", além de ter traduzido e editado obras em inglês e português.
O Saint Xavier's College, de Mapuçá, tem vindo a organizar, anualmente, o Dia da Língua e Cultura Portuguesa, com a participação de alunos de escolas de ensino secundário do estado de Goa.
Também, entretanto, passou a haver localmente "grande interesse" por fado e mandó, dois géneros musicais que o irmão de Óscar, o guitarrista Fernando Noronha, decidiu valorizar abrindo em Pangim a casa da especialidade "Madragoa".
Leia Também: Goa celebra natal com missa em português e gastronomia típica