"As tropas russas hastearam a bandeira no edifício da administração local em Kurakhov", disse à TASS Vladimir Rogov, um conhecido líder separatista do Donbass.
Rogov tinha sublinhado nos últimos dias que os destacamentos russos estavam a limpar a cidade das últimas bolsas de resistência ucranianas.
Há semanas que o exército russo tenta tomar o controlo de Kurakhov, que tinha cerca de 20 mil habitantes antes do início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
'Bloggers' militares ucranianos reconheceram há dias que a queda de Kurakhov "era uma questão de tempo" e que as tropas deveriam retirar para uma estrada mais defensável entre Pokrovsk e Velika Novosilka, o próximo reduto na lista russa.
Isto daria aos russos um caminho livre para Velika Novosilka, cuja conquista lhes permitiria controlar todo o sul de Donetsk, incluindo a fronteira com a vizinha Zaporijia.
Por esta razão, a Ucrânia terá demitido sexta-feira o chefe do Grupo Tático Operacional responsável pela região de Donetsk, Oleksandr Lutsenko, segundo a deputada ucraniana Mariana Bezugla e a plataforma de análise de guerra DeepState.
De acordo com esta fonte, as forças russas têm as estradas da zona sob controlo de fogo e estão a cerca de dois quilómetros de cercar as tropas ucranianas que defendem a zona.
Ao mesmo tempo, as tropas russas já estão a poucos quilómetros de Pokrovsk, a principal cidade no coração de Donetsk, que em fevereiro de 2022 tinha 60 mil habitantes e importantes depósitos de coque.
O objetivo da aceleração da ofensiva russa no Donbass, que já fez mais de 2 mil mortos por dia, segundo fontes britânicas, é chegar à melhor posição negocial para a tomada de posse do Presidente norte-americano Donald Trump e para as futuras conversações entre o novo ocupante da Casa Branca e líder russo, Vladimir Putin.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.
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