"Condenamos veementemente a entrada de Israel na zona tampão entre Israel e a Síria, o que viola o acordo de separação de forças de 1974", refere o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco num comunicado publicado na rede social X.
"Num momento tão delicado, em que a possibilidade de paz e estabilidade há muito esperada pelo povo sírio parece estar a emergir, Israel, exibe mais uma vez, a sua mentalidade de ocupante", acusa a diplomacia turca na mesma nota informativa.
Segundo Ancara, o exército israelita entrou em território sírio na madrugada de domingo a partir dos Montes Golã, zona da Síria conquistada por Israel em 1967 e anexada em 1981 num ato não reconhecido internacionalmente.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou na segunda-feira ao exército que criasse no sul da Síria uma "zona de segurança" livre de armas pesadas, além da zona desmilitarizada entre os dois países.
O exército de Israel negou, no entanto, que tenha ocorrido um avanço em direção a Damasco e o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, afirmou que a presença de tropas no sul da Síria é "temporária e limitada".
A declaração da diplomacia turca reitera hoje o "apoio resoluto" de Ancara à "soberania, unidade política e integridade territorial da Síria".
A Turquia controla vários territórios no norte e nordeste da Síria desde 2016, com uma presença militar permanente, que descreve como necessária para evitar ameaças de grupos 'jihadistas' ou milícias curdas contra o território turco.
A ofensiva que derrubou o regime de Damasco no passado domingo começou nestes territórios sob domínio turco, embora Ancara negue o envolvimento direto na ação militar.
A operação começou a 27 de novembro e foi liderada pela Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham - HTS, em árabe), herdeira da antiga afiliada síria da Al-Qaida e classificada como grupo terrorista por países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá e ainda a União Europeia (UE).
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