As duas anteriores manifestações deram origem a violentos confrontos entre os manifestantes pró-europeus e a polícia de choque, tendo sido detidas cerca de 200 pessoas e feridos mais de 70 agentes da polícia, segundo o Ministério do Interior.
Na quinta e na sexta-feira, os manifestantes, que montaram barricadas nas imediações do parlamento, atiraram ferro, pedras, garrafas de vidro e foguetes contra as forças policiais, disse hoje o primeiro-ministro, Irakli Kobajidze.
"Os radicais e os seus patrocinadores estrangeiros estão sempre a tentar encontrar uma razão para tentar provocar agitação no país e a 'ucranização' da Geórgia", afirmou o chefe do governo, numa conferência de imprensa sobre os incidentes na capital da Geórgia.
Segundo Kobajidze, os manifestantes "ainda não perceberam que, ao contrário da Ucrânia em 2013, a Geórgia é um Estado independente com instituições fortes e, mais importante, com um povo experiente e sábio cuja força ninguém conseguirá quebrar".
O primeiro-ministro referia-se aos protestos e motins que eclodiram em Kiev em 30 de novembro de 2013 e que culminaram, quase três meses depois, na fuga para a Rússia do então Presidente ucraniano Viktor Yanukovych.
Os embaixadores da Geórgia nos Países Baixos, David Solomonia, e na Bulgária, Otar Berdzenishvili, demitiram-se por discordarem da decisão do Governo de suspender as negociações de adesão à UE.
De acordo com a imprensa local, pelo menos 160 membros do pessoal do Ministério dos Negócios Estrangeiros juntaram-se a uma declaração de funcionários públicos na qual expressaram o seu desacordo com o adiamento do início das negociações com a UE, à qual a Geórgia é um país candidato desde dezembro do ano passado.
O Serviço de Segurança do Estado (SSE) da Geórgia anunciou hoje que está a investigar um "possível plano de derrube violento do governo" e recordou que este crime é punível com uma pena de prisão até oito anos.
De acordo com o SSE, que apelou aos cidadãos para serem cautelosos e não se deixarem levar por provocações, "os líderes de certos partidos políticos e organizações não-governamentais têm como principal objetivo a tomada violenta do poder".
A decisão do Governo de suspender as negociações de adesão foi interpretada pela oposição como um sinal da sua intenção de aproximar a Geórgia da Rússia.
"Existe um consenso nacional de que ninguém entregará a Geórgia à Rússia e de que ninguém poderá roubar ao país o seu futuro europeu", afirmou hoje a Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, uma opositora declarada do partido no poder, o pró-russo Sonho Georgiano.
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