AIEA confirma projeto iraniano de instalar milhares de centrifugadoras

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) confirmou o projeto iraniano de instalar cerca de 6.000 novas centrifugadoras para enriquecer urânio, indica um relatório confidencial obtido hoje pela agência de notícias France-Presse.

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© Fatemeh Bahrami/Anadolu via Getty Images

Lusa
29/11/2024 07:55 ‧ há 3 semanas por Lusa

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Irão

O Irão "informou a agência" da intenção de colocar estas máquinas em funcionamento nas instalações de Fordo e Natanz para uma taxa de enriquecimento até 5%, ligeiramente acima dos 3,67% autorizados pelo acordo internacional de 2015, refere-se.

 

Esta medida foi tomada em resposta à adoção, a 21 de Novembro, pela AIEA de uma resolução a criticar o programa nuclear do país.

Um diplomata da União Europeia garantiu na quinta-feira que manteve uma "discussão franca" com importantes diplomatas iranianos sobre o programa nuclear de Teerão, na véspera das negociações entre o Irão e três países europeus em Genebra.

Enrique Mora, "número dois" na diplomacia europeia, destacou, na rede social X, que manteve uma "discussão franca" com Majid Takht-Ravanchi e Kazem Gharibabad, dois adjuntos do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, "sobre o apoio do Irão à Rússia, que deve acabar", ou sobre "a questão nuclear, que deve encontrar uma solução diplomática".

O diplomata europeu sublinhou também que abordou com os iranianos as tensões regionais, realçando que "é importante que todas as partes evitem a escalada", e sobre "os direitos humanos".

O Irão vai dialogar com Alemanha, França e Reino Unido sobre o programa nuclear, a Palestina e o Líbano.

No domingo, o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baghai, adiantou que o encontro foi abordado durante reuniões mantidas entre as partes à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, em setembro.

O Irão apoia firmemente o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, em Gaza, dois movimentos islamistas em guerra com Israel, inimigo declarado de Teerão desde a instauração da República Islâmica em 1979, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, a reunião deverá também contar com a participação da UE como mediadora, enquanto a agência de notícias espanhola EFE disse que a reunião se deverá realizar ao nível de vice-ministros dos Negócios Estrangeiros.

Teerão defende o direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente para a produção de eletricidade, mas nega que pretenda desenvolver uma bomba atómica, como suspeitam os países ocidentais.

As conversações deverão versar formas de reavivar o acordo nuclear de 2015 assinado entre o Irão e as seis potências mundiais (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).

O acordo previa o abrandamento das sanções internacionais contra Teerão em troca de garantias de que o país não procuraria adquirir armas nucleares.

Mas, em 2018, o então Presidente Donald Trump (2017-2021) retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo e restabeleceu as sanções contra o Irão.

Em retaliação, o Irão reduziu drasticamente as inspeções das instalações nucleares AIEA desde 2021.

Teerão também aumentou consideravelmente as reservas de material enriquecido a 60%, perto dos 90% necessários para desenvolver uma arma atómica, de acordo com a AIEA.

A reunião vai decorrer depois de o Conselho de Governadores da AIEA ter aprovado, na quinta-feira, uma resolução a condenar a falta de cooperação do Irão.

A resolução, apresentada pela Alemanha, França e Reino Unido, com o apoio dos Estados Unidos, também pedia à AIEA a elaboração de um "relatório exaustivo" sobre as atividades nucleares da República Islâmica.

Teerão classificou a resolução como uma "medida destrutiva" e disse que ia tomar medidas recíprocas, incluindo a instalação de novas centrifugadoras avançadas para enriquecer urânio.

O objetivo da resolução era pressionar o Irão a cumprir os compromissos legais para garantir que não utiliza materiais atómicos para fins militares, após o fracasso do acordo nuclear de 2015.

Leia Também: Programa nuclear. Diplomata da UE garante "discussão franca" com Irão

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