Israel rejeita acusações da HRW de "crimes contra a humanidade" em Gaza

Israel classificou hoje como "totalmente falsas" as conclusões da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), de que as repetidas deslocações forçadas de palestinianos na Faixa de Gaza constituem um "crime contra a humanidade".

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© Doaa Albaz/Anadolu via Getty Images

Lusa
14/11/2024 20:11 ‧ há 3 semanas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Uma e outra vez, a retórica da Human Rights Watch sobre o comportamento de Israel em Gaza é totalmente falsa e desligada da realidade", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Oren Marmorstein, na rede social X (antigo Twitter).

 

Hoje, a HRW divulgou um relatório em que afirma que as repetidas ordens de evacuação do Exército israelita na Faixa de Gaza estão a conduzir a deslocações forçadas da população que constituem "um crime contra a humanidade".

O relatório de 170 páginas assenta em entrevistas aos habitantes da Faixa de Gaza, em imagens de satélite e em dados públicos, todos recolhidos até agosto de 2024.

"Ao contrário do que afirma o relatório da HRW, os esforços de Israel destinam-se exclusivamente a desmantelar as capacidades terroristas do [movimento islamita palestiniano] Hamas e não são dirigidos contra a população de Gaza, contrariamente ao que faz o Hamas, que utiliza civis como escudos humanos e instala infraestruturas terroristas em zonas residenciais", sublinhou Marmorstein.

"Israel continuará a atuar em conformidade com a lei dos conflitos armados", acrescentou, referindo-se à guerra que o Exército israelita trava há mais de um ano na Faixa de Gaza em retaliação a um ataque do Hamas.

Hoje, uma comissão especial da ONU apresentou um outro relatório, com a conclusão de que os métodos de guerra usados por Israel na Faixa de Gaza apresentam as "características de um genocídio" e acusando o país de "usar a fome como arma de guerra e infligir punições coletivas à população palestiniana". Até agora, Israel não comentou.

A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 34 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 405.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 43.736 mortos (quase 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 103.370 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: Alemanha rejeita que UE corte diálogo com Israel como propõe Borrell

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