Líder da Agência de Energia Atómica em Teerão para discutir nuclear

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, chegou hoje a Teerão para discutir o programa nuclear iraniano, numa das últimas oportunidades para a diplomacia antes de Donald Trump regressar à Casa Branca.

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© SERGEI SUPINSKY/AFP via Getty Images

Lusa
13/11/2024 19:30 ‧ há 3 semanas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

O líder da agência das Nações Unidas já se reuniu hoje em Teerão com Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atómica do Irão (AEOI), e na quinta-feira vai encontrar-se com o presidente da entidade, Mohammad Eslami.

 

No mesmo dia, deverá também encontrar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, que tem sido o negociador-chefe nas discussões nucleares entre Teerão e as grandes potências.

O republicano Donald Trump, eleito em 05 de novembro nas presidenciais norte-americanas, exerceu no seu primeiro mandato (2017-2021) uma política de "pressão máxima" contra o Irão.

Anteriormente, em 2015, o Irão e vários países, incluindo os Estados Unidos, concluíram um acordo em Viena, após 21 meses de negociações, que previa a redução das sanções internacionais, em troca de garantias de que o país abdicaria de armas atómicas.

Teerão sempre negou veementemente ter este tipo de ambições militares.

Três anos depois, Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo e restabeleceu pesadas sanções contra o Irão.

Desde então, o país aumentou significativamente as suas reservas de materiais enriquecidos para 60%, aproximando-se dos 90% necessários para desenvolver uma arma atómica, segundo a AIEA.

O acordo nuclear tinha limitado esta taxa a 3,65%.

"Foram os Estados Unidos, e não o Irão, que abandonaram o acordo", observou hoje a porta-voz do Governo iraniano, Fatemeh Mohajerani.

É neste contexto que Grossi regressa ao Irão depois de uma primeira visita este ano, em maio.

Esta viagem surge depois das declarações do novo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que avisou esta semana que Teerão estava "mais exposto do que nunca a ataques às suas instalações nucleares".

Israel e Irão trocaram tiros de mísseis nos últimos meses num contexto de elevadas tensões no Médio Oriente devido às frentes de guerra das forças israelitas na Faixa de Gaza contra o grupo islamita palestiniano Hamas e no Líbano contra o movimento xiita Hezbollah, ambos apoiados por Teerão.

Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca em 20 janeiro, "a margem de manobra está a começar a diminuir" para o Irão, alertou Grossi na terça-feira numa entrevista à agência noticiosa francesa AFP, acrescentando que é "imperativo encontrar formas de alcançar soluções diplomáticas".

Os iranianos "têm um número significativo de materiais nucleares que poderiam ser usados para fabricar uma arma nuclear", declarou também Grossi numa entrevista ao canal norte-americano CNN, embora ressalvando que ainda não possuem este tipo de equipamento.

O Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, que pretende o alívio das sanções contra o seu país para reanimar a economia, é favorável a novas negociações para reativar o acordo nuclear.

Todas as tentativas falharam nos últimos anos com os países signatários (França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China).

O Irão reduziu drasticamente as inspeções às suas instalações nucleares desde 2021. As câmaras de vigilância foram desligadas e a acreditação de um grupo de especialistas foi retirada.

As bases do programa nuclear do Irão remontam ao final da década de 1950, quando os Estados Unidos assinaram um acordo de cooperação civil com o então líder iraniano, Mohammad Reza Pahlavi.

Em 1970, o Irão ratificou o Tratado de Não Proliferação (TNP), que exige que os Estados signatários declarem e coloquem os seus materiais nucleares sob o controlo da AIEA.

Várias autoridades iranianas têm levantado publicamente nos últimos anos a questão da posse da bomba atómica como ferramenta de dissuasão, num contexto de tensões elevadas com Israel.

O 'ayatollah' Ali Khamenei, no poder desde 1989 e o decisor final nas questões sensíveis do país, proibiu qualquer utilização de armas atómicas num decreto religioso (fatwa).

Leia Também: Líder da AIEA regressa ao Irão para discutir produção de urânio

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