O parlamento israelita proibiu as operações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) a partir do final de janeiro.
Numa intervenção na Assembleia Geral da ONU, que confere o mandato à UNRWA, Philippe Lazzarini disse que a proibição ameaça os 33.000 postos de trabalho que a agência proporciona aos palestinianos.
A UNRWA é o segundo maior empregador na Cisjordânia e em Gaza, a seguir à Autoridade Palestiniana, referiu Lazzarini, citado pela agência espanhola EFE.
Destacou também que a agência fornece serviços que, só em Gaza, representam 80% dos cuidados médicos e da educação de 660.000 crianças.
"Se a agência não puder funcionar nos territórios palestinianos, a responsabilidade de prestar serviços aos palestinianos e de suportar os custos desses serviços já não recairá sobre a ONU, mas sobre Israel, enquanto potência ocupante", afirmou.
Confrontado com as acusações israelitas de que a UNRWA teria sido infiltrada pelo movimento islamita palestiniano Hamas e de que centenas dos seus funcionários teriam agora essa dupla filiação, Lazzarini negou-as por completo.
"Vou dizer o óbvio: a UNRWA não faz parte deste conflito", afirmou.
Lazzarini denunciou a desinformação avassaladora que disse ter servido para difamar a agência com tais argumentos.
Disse também que a neutralidade da UNRWA pode ser demonstrada pelo facto de o Hamas ter sido, "durante muitos anos", um opositor declarado dos programas educativos nas escolas geridas pela agência em Gaza.
Segundo Lazzarini, o Hamas, que governa Gaza desde 2007, contesta o compromisso da UNRWA "com a igualdade de género e a neutralidade".
Acrescentou que o Hamas também tem repetidamente desaprovado o programa "semanas de diversão de verão", que junta rapazes e raparigas para artes, jogos, música e desporto.
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