Segundo a jornalista da agência noticiosa espanhola EFE Sara Gomez Armas, entre as acusações estão fugas de informação confidencial para os meios de comunicação social, pressões para manipular as atas das reuniões anteriores a 07 de outubro de 2003 e chantagem sobre funcionários e estratagemas legais para atrasar o processo judicial são os escândalos que têm apimentado o gabinete de Netanyahu.
*** 'BibiLeaks' ***
O Shin Bet (a agência de segurança interna) está a investigar se o gabinete do primeiro-ministro foi conivente com funcionários dos serviços secretos na divulgação de material confidencial nos meios de comunicação social para encorajar a opinião pública contra um acordo de reféns com o Hamas.
A informação estava na posse do Ministério da Defesa e não se sabe como chegou às mãos de funcionários do gabinete de Netanyahu, que alegadamente a divulgaram aos meios de comunicação social, mas com manipulações egoístas.
O jornal alemão Bild e o jornal britânico The Jewish Chronicle publicaram, em setembro, informações forjadas segundo as quais o falecido líder do Hamas, Yahya Sinouar, estaria a conspirar para fugir com reféns de Gaza através do Corredor de Filadélfia, a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, que Netanyahu utilizou para insistir na necessidade de Israel manter o controlo militar da fronteira indefinidamente e não assinar tréguas com o Hamas.
A publicação britânica retirou o artigo depois de este ter sido desacreditado.
Quatro suspeitos estão detidos neste caso: Eli Feldstein, porta-voz e conselheiro próximo de Netanyahu, dois oficiais da defesa e um quarto oficial militar de baixa patente.
O Procurador-Geral de Israel, Gali Baharav-Miara, também pediu uma investigação a Netanyahu por causa das fugas de informação.
Netanyahu criticou terça-feira o facto de os quatro suspeitos estarem presos há quase 20 dias "sem poder ver um advogado", o que, segundo o primeiro-ministro israelita, está a ser feito como pressão para "obter falsas declarações" contra ele.
O gabinete do executivo descreveu o caso conhecido como 'Bibileaks' como uma "caça às bruxas".
*** Atas de reuniões adulteradas ***
O chefe de gabinete de Netanyahu, Tzachi Braverman, foi acusado no domingo de chantagear com um vídeo comprometedor um oficial do secretariado militar do gabinete do primeiro-ministro para este alterar as atas das discussões realizadas nas horas que antecederam o ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 250 raptadas.
Os altos funcionários do círculo próximo de Netanyahu terão recebido informações dos serviços secretos militares sobre movimentos suspeitos de comandantes do Hamas na Faixa de Gaza nessa manhã e sobre a ativação de centenas de cartões SIM israelitas no interior do enclave.
Os pormenores do caso estão sob sigilo, mas os meios de comunicação social hebraicos sugerem que Braverman não atendeu as chamadas nessa noite quando foram feitas tentativas para o avisar, bem como a chantagem subsequente para alterar as atas dessas reuniões, de modo a que não ficasse registada a extensão da informação que chegou ao gabinete de Netanyahu antes do ataque.
Braverman deverá ser interrogado pela polícia antes do próximo fim de semana, enquanto o seu advogado qualificou as alegações como uma "difamação grave" e afirmou que o seu cliente não possui "documentação sensível" e não chantageou ninguém.
*** Investigação do 07 de outubro de 2023 ***
Continua pendente uma investigação estatal independente sobre as falhas que permitiram o ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023, apesar dos apelos da oposição, do procurador-geral e do antigo ministro da Defesa Yoav Gallant, demitido na semana passada por Netanyahu por divergências.
Mais de um ano depois, o exército também não publicou o seu inquérito interno sobre o sucedido e continuam a crescer as dúvidas sobre o grau de conhecimento prévio das autoridades, incluindo o primeiro-ministro.
*** Empatar o julgamento por corrupção ***
A defesa legal de Netanyahu pediu um novo adiamento da sua audiência para testemunhar no julgamento que enfrenta por corrupção desde 2020.
Na segunda-feira, os advogados de Netanyahu pediram ao tribunal de Jerusalém um novo adiamento de mais de dois meses para o seu testemunho, alegando que não tiveram tempo para o preparar porque o primeiro-ministro está ocupado a gerir as guerras em Gaza e no Líbano.
"As datas previstas para a preparação do seu testemunho foram canceladas devido a necessidades urgentes de segurança ou diplomáticas", argumentam.
O testemunho de Netanyahu deveria ter começado em novembro de 2023, mas foi adiado várias vezes devido à guerra em Gaza.
Em julho passado, a sua equipa jurídica pediu para adiar a audiência para março de 2025, mas o tribunal rejeitou o pedido e marcou a data para 02 de dezembro, uma questão sobre a qual o Supremo Tribunal deverá decidir hoje, depois de o procurador-geral ter-se mostrado terça-feira contra novos atrasos.
Netanyahu é acusado desde 2019 de fraude, suborno e quebra de confiança em três casos distintos e é acusado de receber presentes em troca de favores e tratamento favorável para uma cobertura positiva em vários meios de comunicação social.
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