Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, explicou durante a conferência de imprensa diária que os voos humanitários tiveram de ser suspensos depois de o governo haitiano ter decretado o encerramento do aeroporto Toussaint Louverture na segunda-feira, na sequência do tiroteio contra um avião da Spirit Airlines quando este aterrava.
O voo 951 da Spirit Airlines, que fazia a rota entre os aeroportos de Fort Lauderdale, a norte de Miami (EUA), e Porto Príncipe, teve de ser desviado na segunda-feira depois de ter sido atingido por tiros quando se aproximava da capital haitiana.
O avião, com 48 pessoas a bordo, teve de ser desviado para a cidade dominicana de Santiago (norte). Mais tarde a empresa JetBlue reportou outro ataque contra uma das suas aeronaves.
O encerramento do aeroporto até 18 de novembro agrava as dificuldades de acesso ao porto da cidade, o principal porto do país, que embora esteja aberto à navegação, está na prática fechado ao acesso terrestre, explicou Dujarric.
A ONU teve de adiar 'sine die' o movimento de vinte camiões com medicamentos e mantimentos essenciais e considera agora a possibilidade de transferir as suas operações aéreas para um aeroporto no norte do país.
Além disso, a crescente atividade de gangues armados forçou as agências da ONU a paralisar as suas operações de entrega de dinheiro a "milhares de pessoas", devido à impossibilidade de ter o mínimo de segurança.
A área metropolitana de Porto Príncipe estava hoje paralisada pelo segundo dia consecutivo, com o encerramento do principal aeroporto, escolas e inúmeras instituições públicas e privadas.
Os momentos de tensão coincidem com o primeiro dia de trabalho do novo primeiro-ministro haitiano, Alix Didier Fils-Aimé, que hoje se irá reunir com os membros do Conselho de Transição Presidencial (CPT) para discutir a formação do seu Governo, do qual os meios de comunicação social locais não descartam que alguns dos ministros do anterior gabinete continuem a fazer parte.
A segurança será um dos grandes desafios do novo executivo, num país onde só entre julho e setembro pelo menos 1.223 pessoas morreram e 522 ficaram feridas em consequência da violência e do combate aos gangues, segundo o Gabinete Integrado do Nações Unidas no Haiti (Binuh).
A isto juntam-se os 3.900 mortos e feridos no primeiro semestre, depois de 2023 ter fechado com cerca de 8.000 vítimas.
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