"Os recursos naturais são uma dádiva de Deus, seja o petróleo, o gás, o vento, o sol, o ouro. Os países não têm culpa. O mercado, as pessoas precisam destes (recursos)", afirmou Ilham Aliyev ao inaugurar a cimeira do clima das Nações Unidas no estádio olímpico da capital do Azerbaijão.
O presidente azeri, no poder desde 2003, culpou alguns meios de comunicação ocidentais, políticos e organizações não-governamentais (ONG) por lançarem uma "campanha coordenada de calúnia e chantagem" contra o Azerbaijão.
Após recordar que há pouco mais de um ano o seu país restaurou a sua integridade territorial ao recuperar o controlo da região de Nagorno-Karabakh, acusou os seus críticos de "falta de cultura política" por julgarem os países pelos seus recursos naturais e não por indicadores como os 5,2% de pobreza ou os 7,5% da dívida externa em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
O chefe de Estado do Azerbaijão lembrou que o primeiro campo petrolífero da história foi explorado em 1847 no Azerbaijão, mas que agora a produção de petróleo neste país representa 0,7% do volume mundial e o gás é de 0,9%.
O líder do país caucasiano sublinhou que, enquanto presidente da COP29 - que se realiza até 22 de novembro - defende uma transição verde, mas também apelou ao realismo.
A este propósito, afirmou que foi a União Europeia (UE) que pediu ao Azerbaijão que contribuísse para a sua segurança energética, duplicando o fornecimento de gás nos próximos anos.
Aiylev acusou os apoiadores do boicote de ter "duplos pesos e duas medidas" e de "hipocrisia política" e embora tenham recorrido a todos os instrumentos para boicotar o local da cimeira do clima, considerou que estes falharam.
"Tenho más notícias (...), o mundo reuniu-se em Baku", afirmou o chefe de Estado do Azerbaijão, estimando em 72 mil o número de participantes de 196 países, incluindo "80 presidentes, Vice-presidentes e primeiros-ministros".
A ativista climática sueca Greta Thunberg liderou na segunda-feira um protesto em Tbilisi, capital da Geórgia, contra o vizinho Azerbaijão, chamando-lhe de "país autoritário".
"Estou a protestar contra a cimeira do clima no Azerbaijão porque lá existe um regime repressivo", disse a ativista sueca à imprensa georgiana.
Após o discurso de Aiylev, interveio o secretário-geral da ONU, António Guterres, cuja organização é promotora da Conferência das Partes como órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
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