Baerbock integrou hoje, pelo terceiro ano consecutivo, o painel de abertura do Fórum de Berlim, que aborda temas da atualidade internacional. Referindo-se às duas eleições, dos Estados Unidos, e as antecipadas que a Alemanha deverá enfrentar no início de 2025, a ministra dos Negócios Estrangeiros assumiu que ainda consegue estar otimista em relação ao futuro.
"Ainda acredito que o copo está meio cheio. Precisamos, agora mais do que nunca, de uma Europa forte. A Alemanha está do lado da Ucrânia, independentemente do resultado das eleições nos Estados Unidos, independentemente do resultado das futuras eleições na Alemanha porque estes são tempos decisivos", sublinhou.
No mesmo dia em que os resultados das eleições norte-americanas foram conhecidos, com a vitória de Donald Trump, o chanceler alemão, Olaf Scholz demitiu o ministro das Finanças, Christian Lindner. O também líder dos liberais, o partido FDP, abandonou a coligação "semáforo", precipitando uma crise no executivo germânico.
"Temos de estar ainda mais focados, e ter ainda mais claros os nossos objetivos. A Europa tem de desempenhar um papel ainda mais importante na segurança e na estabilidade do nosso continente, agora mais. Preparamo-nos para este momento, obviamente que gostaríamos de ver outro resultado, mas o mundo não se faz apenas daquilo que desejamos", continuou.
De acordo com o jornal The Washington Post, Trump terá telefonado ao presidente russo, Vladimir Putin, dizendo-lhe para não intensificar a guerra na Ucrânia. Os dois terão discutido o objetivo da paz no continente europeu com o presidente norte-americano a expressar interesse em conversas subsequentes para discutir a resolução da guerra em breve.
"A minha experiência dos últimos anos diz-me que isto pode não acontecer. Também ouvi dizer que nas próximas 24 ou 48 horas vão começar conversas de negociação para a paz. Ouvi isso, mas se acredito nisso, não tenho a certeza. Mas reitero, só pode haver paz na Europa com os europeus, especialmente com os ucranianos sentados na mesa de negociações", considerou.
"Sabemos que o novo presidente norte-americano e o presidente russo gostam mais de falar entre eles. Temos de nos adaptar a esta nova situação e ser espertos. Mas é obvio que não haverá paz se os europeus não participarem nas negociações", realçou Baerbock.
No início de 2022, Berlim anunciou a criação de um "fundo especial" de cem biliões de euros (Sondervermögen) que seria usado para investimentos nas Forças Armadas da Alemanha. Pela primeira vez desde o início dos anos '90, a Alemanha vai gastar 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, este ano. Uma sondagem revelou que a maioria dos alemães quer um aumento desta percentagem. Um desejo partilhado por Baerbock, dos Verdes.
"Acho que é difícil encontrar um tema na Alemanha atualmente que gere tanto consenso como este. Precisamos de investir mais de 2% do PIB em segurança. Neste momento estamos nos 2% porque economicamente não temos capacidade para mais, mas precisamos de subir esse valor. Temos de investir mais, mais próximo dos 3%, como já faz a Polónia, por exemplo", admitiu.
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