A vice-primeira-ministra Chrystia Freeland, que é também ministra das Finanças, presidirá o comité, que incluirá os ministros dos Negócios Estrangeiros, Segurança Pública e Indústria.
"Após a eleição do presidente Donald Trump para um segundo mandato, o Comité de Gabinete vai concentrar-se em questões críticas entre o Canadá e os Estados Unidos", adiantou o gabinete do primeiro-ministro em comunicado.
O Canadá é um dos países mais dependentes do comércio no mundo e 75% das exportações do Canadá vão para os Estados Unidos.
Durante o primeiro mandato de Trump, a sua decisão de renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês), e os relatos de que estaria a considerar uma tarifa de 25% sobre o setor automóvel foram considerados uma ameaça no Canadá.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro canadiano parabenizou Donald Trump pela vitória nas eleições presidenciais e os dois discutiram o novo acordo de livre comércio que Trump alcançou durante o primeiro mandato com o Canadá e o México, o Acordo EUA-México-Canadá, que substituiu o NAFTA, e que deverá ser revisto em 2026.
"Sei que muitos canadianos estão ansiosos. Quero dizer com total sinceridade e convicção que o Canadá ficará absolutamente bem", disse a vice-primeira-ministra, em declarações aos jornalistas, na quarta-feira.
"Temos uma relação forte com os Estados Unidos. Temos uma relação forte com o Presidente Trump e a sua equipa. Lembremos que a nossa relação comercial hoje é regida pelo acordo comercial concluído pelo próprio Presidente Trump e pela sua equipa", sublinhou Chrystia Freeland.
Durante campanha, Donald Trump propôs tarifas entre 10% e 20% sobre produtos estrangeiros --- e em alguns discursos mencionou percentagens ainda mais elevadas.
Nelson Wiseman, professor de ciências políticas na Universidade de Toronto ouvido pela AP, considerou que o Canadá deve esperar novas tarifas e pressão para aumentar o seu orçamento militar.
De acordo com os números da NATO, estima-se que o Canadá gastará 1,33% do PIB no orçamento militar em 2023, abaixo da meta de 2% que os países da NATO estabeleceram, uma meta que Justin Trudeau garantiu cumprir até 2032.
Trump instou os países da NATO a aumentarem os seus gastos com defesa para aliviar o fardo dos Estados Unidos para dissuadir os inimigos da aliança.
"O Canadá tem algumas cartas a jogar nas negociações, incluindo tarifas compensatórias, as preocupações dos líderes empresariais americanos e o depósito de minerais críticos do Canadá", explicou Nelson Wiseman.
Os Estados Unidos e o Canadá são os principais parceiros comerciais um do outro, com quase 2,5 mil milhões de euros em bens e serviços a cruzar a fronteira diariamente em 2023.
Os dois países mantêm também uma estreita cooperação em matéria de defesa, segurança de fronteiras e aplicação da lei. Cerca de 400 mil pessoas cruzam a maior fronteira internacional do mundo todos os dias e cerca de 800 mil canadianos vivem nos Estados Unidos.
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