"Veremos se há propostas. Insisto, não fomos nós que congelámos as relações e não somos nós que devemos propor o seu restabelecimento", disse Lavrov durante uma visita ao Cazaquistão, citado pela agência espanhola EFE.
"Mas se houver uma iniciativa sincera para nos sentarmos sem exigências unilaterais e falarmos sobre onde estamos e como avançar, não seremos nós a levantar objeções", acrescentou.
A Rússia acusa os Estados Unidos e os seus aliados de envolvimento direto na guerra na Ucrânia por fornecerem a Kiev armamento e fundos para resistir à invasão russa, lançada em fevereiro de 2022.
Durante a campanha eleitoral das presidenciais norte-americanas, Trump prometeu acabar com a guerra na Ucrânia se fosse eleito.
Lavrov disse que a Rússia está disposta a ouvir qualquer "ideia concreta e razoável" e que nunca se opôs ao diálogo.
Referiu que o Presidente russo, Vladimir Putin, disse em várias ocasiões que "falar é sempre melhor do que isolar".
O chefe da diplomacia russa lamentou que os aliados europeus dos Estados Unidos estejam determinados a apoiar os planos do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse que apenas conduziria a situação a "um beco sem saída".
Referiu que muitos políticos ocidentais sensatos, que não nomeou, estão conscientes disso, mas "já não podem renunciar às suas posições (...) de apoio total à Ucrânia".
Lavrov admitiu que os problemas nas relações com Washington são "muito profundos", porque resultam da atitude da elite norte-americana de tentar eliminar qualquer concorrente na arena internacional que ameace a hegemonia dos Estados Unidos.
O chefe da diplomacia russa assegurou que a Rússia não colocará obstáculos se Trump decidir substituir a atual embaixadora dos Estados Unidos em Moscovo, Lynne Tracy.
Quanto ao futuro embaixador russo em Washington, disse que o processo de nomeação estava em curso.
Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, não excluiu a possibilidade de contactos entre Putin e Trump antes da posse do novo Presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.
"Não está excluído. Ele {Trump] disse que vai telefonar a Putin antes da tomada de posse. São as palavras dele", afirmou Peskov.
O porta-voz do Kremlin não revelou quem irá representar a Rússia na cerimónia de posse de Trump como o 47.º Presidente dos Estados Unidos da América.
Até ao momento, Putin não felicitou Trump pela vitória eleitoral, algo que vários líderes mundiais fizeram, incluindo alguns do espaço pós-soviético, como Zelensky e o principal aliado do Kremlin, Alexander Lukashenko, da Bielorrússia.
Putin poderá abordar a questão da eleição de Trump durante um discurso que irá proferir hoje no Clube de Debate Valdai, na estância balnear de Sochi, no Mar Negro, segundo a EFE.
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