No entanto, a maioria também sublinhou a imprevisibilidade do 47.º Presidente dos Estados Unidos, cuja política diplomática foi marcada pelo isolacionismo e pelo confronto durante o seu mandato anterior (2017-2021).
Porque é que esta vitória está a gerar entusiasmo em Israel?
Após a sua eleição em 2016, o Presidente Trump multiplicou os seus gestos a favor de Israel.
Logo em dezembro de 2017, reconheceu Jerusalém como capital de Israel, quebrando a neutralidade histórica da comunidade internacional, e transferiu a embaixada norte-americana para a cidade santa, onde a parte oriental está ocupada e anexada por Israel desde 1967.
Trump também reconheceu a soberania israelita sobre os estratégicos Montes Golã, também ocupados desde 1967, mas reconhecidos internacionalmente como território sírio.
A sua administração declarou ainda que não considera os colonatos na Cisjordânia - também ocupados por Israel - ilegais, contrariando o direito internacional.
Durante o seu mandato, os diplomatas norte-americanos também trabalharam arduamente para conseguir a normalização entre Israel e vários países árabes através dos Acordos de Abraão, que muitos israelitas veem como uma forma de garantir o futuro do seu país.
Os líderes políticos israelitas foram dos primeiros a felicitar Trump pela sua vitória.
Em particular, o recém-nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, saudou-o como um "verdadeiro amigo de Israel".
Quanto à opinião pública israelita, esta já estava a favor do candidato republicano.
De acordo com uma sondagem recente do canal de televisão israelita 12, 66% dos inquiridos queriam que Trump regressasse à Casa Branca.
Hoje, muitos israelitas recordaram os laços familiares de Trump com Israel, lembrando que a sua filha Ivanka se converteu ao judaísmo.
O que é que os israelitas querem de Trump?
Numa altura em que o país está em guerra há mais de um ano e tem sofrido reveses diplomáticos, "a vitória de Trump fortalece Netanyahu", diz Mairav Zonszein, especialista em Israel do International Crisis Group (ICG), explicando que os dois líderes partilham visões políticas "semelhantes".
Mairav Zonszein observou também que "a extrema-direita e a direita dos colonos" estão a saudar este resultado, imaginando já o regresso de uma política norte-americana a favor dos colonatos da Cisjordânia.
A nível internacional, outros analistas acreditam que Trump irá favorecer os interesses de Israel.
Para Yonatan Freeman, especialista em relações internacionais da Universidade Hebraica, "tendo em conta o que disse e o que fez anteriormente, esperamos que seja mais duro com o Irão", um inimigo comum de Israel e dos Estados Unidos e um aliado do Hamas, na Faixa de Gaza, e do Hezbollah, no Líbano, contra os quais o exército israelita está em guerra.
Freeman prevê a abertura de negociações sob o impulso de um presidente norte-americano que se esforça "por um acordo melhor para a segurança de Israel".
Vários especialistas falaram à AFP sobre o problema do apoio militar dos Estados Unidos a Israel.
A administração de Joe Biden tinha sugerido que este poderia ser um meio de pressão no contexto das trocas diplomáticas, mas tal já não será o caso sob a presidência de Trump.
Que desafios futuros para as relações israelo-americanas?
"Por vezes, é melhor lidar com pessoas previsíveis, mesmo que não se goste delas, do que com pessoas imprevisíveis", defende Yossi Mekelberg, especialista em geopolítica israelita, recordando o confronto ocasional entre Trump e Netanyahu, em particular em 2020, quando Trump, que contestou a vitória de Biden, considerou uma traição o facto de o atual primeiro-ministro israelita ter felicitado o democrata.
Desde então, as declarações de Trump têm-se contradito, entre reiterar o apoio a Israel e o desejo de ver o fim da guerra em Gaza - apesar da dinâmica criada por Netanyahu.
Em julho, os dois homens falaram durante uma visita do primeiro-ministro israelita aos Estados Unidos e parecem ter-se reconciliado.
"Não se pode analisar alguém que não tem uma linha de pensamento coerente", conclui Mekelberg.
Para Zonszein, alguns dirigentes israelitas estão a antecipar a posição de Trump sobre "o tratamento dado por Israel aos palestinianos".
"Durante o seu anterior mandato, ele opôs-se a certos aspetos do plano de anexação de Israel [da Cisjordânia] porque queria fazer avançar os Acordos de Abraão", recorda.
Tendo em conta as outras alianças estratégicas de Trump e a dinâmica diplomática criada pela sua presença na Casa Branca, "não é de modo algum certo que ele se contente em apoiar a guerra que Israel está a travar em todas as frentes", sublinha Zonszein.
Leia Também: Talibãs do Afeganistão querem de Trump novo capítulo nas relações