Extrema-direita reivindica ataque a reis e a Sánchez. "Fugiu como um cão"

Há vários dias que canais ligados a grupos de extrema-direita na rede social Telegram apelavam ao boicote da visita institucional a Paiporta, uma das zonas mais afetadas pela passagem do fenómeno meteorológico conhecido como DANA.

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Daniela Filipe
04/11/2024 09:16 ‧ 04/11/2024 por Daniela Filipe

Mundo

Espanha

O grupo de extrema-direita Revuelta reivindicou o ataque levado a cabo contra o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, o presidente da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, e os reis de Espanha, no domingo. A informação foi avançada pelo jornal elDiario.es, que deu conta de que o partido de extrema-direita Vox colocou os seus serviços jurídicos à disposição dos jovens que participaram nos tumultos.

 

Há vários dias que canais ligados a estes grupos na rede social Telegram apelavam ao boicote da visita institucional a Paiporta, uma das zonas mais afetadas pela passagem do fenómeno meteorológico conhecido como DANA. Os utilizadores partilharam inclusivamente endereços por onde julgavam que os governantes poderiam passar, de acordo com o mesmo meio.

Um jovem que se apresentou como “voluntário” do Revuelta, organização desconhecida pela maioria da população e secundada pelo Vox, assegurou àquele jornal que os membros do grupo “fizeram coisas”.

“Nós, da minha associação, estamos aqui, destruímos o carro deles, mas só conseguimos bater-lhe com um pau nas costas. […] Não sei o que aconteceu depois, mas ele saiu vivo da nossa zona. […] Quem chegou e fugiu como um cão foi Pedro Sánchez, nem sequer parou para falar, não o íamos deixar”, lê-se em mensagens a que o elDiario.es teve acesso e que já estarão a ser investigadas pelas autoridades.

Reis de Espanha apupados e insultados nas regiões afetadas pelas cheias

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Gritos de "fora daqui" e arremesso de lama, acolheram a comitiva dos reis, do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e do presidente da Generalitat, Carlos Mazón, à chegada ao centro de Paiporta.

Lusa | 12:41 - 03/11/2024

O elDiario.es apontou que, entre os cerca de 20 jovens que participaram nos tumultos, estavam indivíduos com tatuagens associadas à extrema-direita, que envergavam roupa associada a grupos neonazi. Havia, além disso, quem vestisse camisolas com referências à Divisão Azul, uma unidade de voluntários espanhóis e portugueses constituída em 1941 para auxiliar o exército nazi a combater o comunismo e a União Soviética. Alguns fizeram, também, a saudação nazi.

Outras pessoas sem aparente ligação a grupos de extrema-direita juntaram-se aos tumultos, o que levou ao escalar da situação.

É também esta a tese de fontes do Governo consultadas pelo El Mundo, que indicaram que um dos jovens que se dirigiu brevemente ao rei Felipe VI era membro da associação Revuelta.

"Parece que já foram identificados membros de organizações de extrema-direita que provocam desordem pública e violência", disse o ministro dos Transportes, Óscar Puente, citado por aquele meio.

O primeiro-ministro estará devastado pela “manifestação antipolítica e de extrema-direta” dos incidentes, mas assegurou, pouco depois dos tumultos, compreender "a angústia e o sofrimento" das vítimas das inundações.

“Não nos vamos deixar desviar pela violência de alguns elementos marginais. A maioria da sociedade rejeita qualquer tipo de violência como a que vimos [ontem]”, complementou.

O rei Felipe VI partilhou uma opinião semelhante, tendo salientado que o importante é que "as pessoas percebam que os mecanismos do Estado nos diferentes níveis estão a trabalhar".

"A estas pessoas devemos dar-lhes esperança, atender a emergência, mas também garantir que o Estado em toda a sua plenitude está presente", disse.

Saliente-se que a responsabilidade da gestão das operações de limpeza e resgate estão nas mãos da Comunidade Valenciana, segundo o Executivo, que garantiu que o governo central disponibilizará todos os recursos e meios solicitados. Não há, assim, intenção de elevar o nível de alerta para o nível 3, tampouco que o Ministério do Interior assuma o controlo da situação.

Recorde-se que, na terça-feira, várias regiões de Espanha estiveram sob a influência de uma "depressão isolada em níveis altos", que provocou chuvas torrenciais, inundações e avultados prejuízos. Além das vítimas mortais, que ascendem as 200, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, comunicações e transportes.

Leia Também: AO MINUTO: Catalunha em alerta; Extrema-direita reivindica ataque a reis

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