Cimeira da Biodiversidade termina sem compromisso entre Estados

A Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP16) terminou hoje, na Colômbia, num impasse, sem compromisso no braço de ferro financeiro que opõe Estados do norte e do sul.

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© Gabriel Aponte/Getty Images

Lusa
01/11/2024 22:06 ‧ 01/11/2024 por Lusa

Mundo

COP16

Após uma longa noite de consultas entre países, a presidência colombiana da cimeira da ONU apresentou um texto de compromisso na manhã de hoje, 12.º e último dia da maior conferência internacional sobre a natureza, em Cali.

 

O resultado da COP16 Biodiversidade, que é crucial para travar a destruição dos organismos vivos, ficou em suspenso, numa batalha final e altamente incerta entre o norte e o sul sobre o financiamento da proteção da natureza.

O compromisso propõe que se continue a discutir até 2026, na COP17, na Arménia, a forma de atingir o objetivo de 200 mil milhões de dólares por ano de despesas globais para salvar a natureza até 2030.

Deste valor, os países ricos devem contribuir com 30 mil milhões. Em 2022, eram cerca de 15 mil milhões, de acordo com a OCDE.

Os países em desenvolvimento, em particular o grupo africano, pedem um novo fundo multilateral para substituir o atual, que consideram inadequado e injusto.

Para evitar um fiasco total na cimeira, a presidência colombiana propôs o lançamento de um "processo intersessional" de negociações para abrir caminho à criação deste novo fundo.

"Estamos totalmente desiludidos. Não há criação de um fundo dedicado à biodiversidade, não há medidas fortes para pressionar os países desenvolvidos a respeitarem os seus compromissos", disse à AFP Daniel Mukubi, negociador da República Democrática do Congo.

Um negociador europeu, que falou sob condição de anonimato, também alertou para um "grande confronto que se avizinha" sobre a questão do fundo.

Em segundo plano, todos estes intervenientes se preparam para travar novamente a mesma batalha, mas por um valor dez vezes superior, na conferência sobre o clima COP29, em Baku, no Azerbaijão, a partir de 11 de novembro.

Em Cali, o braço de ferro diz respeito ao financiamento do acordo de Kunming-Montreal, adotado há dois anos pelos 196 países membros da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB).

Este acordo exige que 30% da terra e do mar sejam colocados em zonas protegidas até 2030 e que os riscos dos pesticidas sejam reduzidos para metade.

A missão da COP16 era reforçar os tímidos esforços do mundo para aplicar estes grandes objetivos, destinados a salvar o planeta e os seres vivos da desflorestação, da sobre-exploração, das alterações climáticas e da poluição, todas causadas pelo homem.

A seis anos do final do acordo, 44 dos 196 países definiram as suas estratégias nacionais de aplicação do acordo, que estão mais ou menos em dia, e 119 apresentaram compromissos sobre todos ou alguns dos objetivos, segundo a contagem oficial de hoje.

A conferência realizou-se com uma mobilização maciça de polícias e soldados, na sequência de ameaças de um grupo guerrilheiro colombiano na região, mas sem incidentes registados.

Leia Também: Financiamento continua a separar os participantes na COP da biodiversidade

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