Sudão. Aumenta para 11 milhões o número de deslocados internos

O número de deslocados internos no Sudão já atingiu os 11 milhões, aos quais se juntam outros 3,1 milhões de refugiados noutros países, anunciou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas.

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Lusa
29/10/2024 12:03 ‧ 29/10/2024 por Lusa

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"A situação aqui no Sudão é catastrófica. Simplesmente não há outra forma de o dizer. A fome, a doença e a violência sexual são galopantes. Para o povo do Sudão, isto é um pesadelo", disse a diretora-geral da OIM, Amy Pope, num comunicado.

 

Pope, que iniciou na segunda-feira uma visita de quatro dias ao país, acrescentou que a situação de conflito do Sudão é pouco relatada e "existe um sério potencial para o conflito alimentar a instabilidade regional, tanto no Sahel como no Corno de África e na costa do Mar Vermelho", zonas também afetadas pela violência de grupos armados.

Em comunicado, a responsável refere-se, ainda, às palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, que chamou, na segunda-feira, a atenção para este sofrimento, apelidando-o de "catástrofe humanitária total".

Passaram dezoito meses desde o início dos combates entre as Forças Armadas sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês). Segundo o comunicado, "as forças externas estão agora a 'alimentar o fogo' que está a intensificar o conflito", O sofrimento está a aumentar de dia para dia, com o secretário-geral das Nações Unidas a informar na segunda-feira que quase 25 milhões de pessoas estão agora a precisar de assistência, destaca-se no comunicado.

O atual conflito, que obrigou mais pessoas a fugirem das suas casas do que qualquer outro no mundo, tem, segundo a OIM, números alarmantes. Mais de metade dos deslocados são mulheres e um quarto são crianças com menos de cinco anos, sublinhou Pope, que alertou ainda para situações já próximas da fome em regiões particularmente afetadas pelo conflito, como o Darfur, no oeste do país, e o vizinho Chade.

A diretora-geral da OIM denunciou que as restrições e os impedimentos burocráticos criados pelas partes em conflito (exército e paramilitares) continuam a dificultar a chegada de assistência a muitas populações necessitadas.

"É possivelmente a crise mais negligenciada no mundo de hoje, e o facto de não a enfrentarmos pode significar o seu alastramento às nações vizinhas", reiterou Pope.

A responsável da OIM sublinhou que em abril passado, numa conferência de doadores em Paris, foram assumidos compromissos importantes para ajudar o Sudão, mas sublinhou a verba recebida foi pouco mais de metade do dinheiro pedido.

"Com o financiamento adequado, há muito que podemos fazer para aliviar o sofrimento, para ajudar as pessoas a obter abrigo e saneamento adequado, para as alimentar e proteger", disse Pope.

De forma conclusiva lê-se, no comunicado da OIM, que "todas as guerras são brutais, mas o balanço desta é particularmente horrível".

Leia Também: Sudão: PAM quer acesso total ao país perante a ameaça de fome

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