Esta fraude foi feita através da implementação de uma "metodologia russa", acusou a chefe de Estado, em entrevista à agência de notícias francesa AFP, considerando ainda que é "difícil lidar" com a Rússia porque o país "é ameaçador".
"É muito difícil acusar um Governo e esse não é o meu papel, mas a metodologia [usada na fraude] é russa", garantiu a Presidente georgiana.
Segundo Zourabichvili, a fraude envolveu nomeadamente o voto eletrónico, utilizado pela primeira vez na Geórgia durante as eleições de sábado passado, que permitiu que o mesmo número de bilhete de identidade correspondesse a "17 votos, 20 votos, em regiões diferentes".
Os alegados burlões utilizaram ainda "métodos clássicos" como "compra de votos, pressão sobre os titulares de cargos públicos" e "sobre as famílias dos reclusos a quem pode ser prometida a libertação", além de terem "distribuído dinheiro em miniautocarros à saída dos locais de votação", adiantou a Presidente.
"Este planeamento, esta sofisticação, este rigor nos alvos ultrapassa aquilo que um governo clássico" consegue fazer "para se manter no poder", considerou.
A Presidente georgiana anunciou inicialmente a vitória da oposição pró-europeia, com base em sondagens à saída da votação, mas teve, entretanto, de divulgar a vitória do partido no poder, o "Sonho Georgiano".
No domingo, criticou o processo eleitoral, assegurando que tinha sido alvo de "uma operação especial russa, uma forma moderna de guerra híbrida contra o povo georgiano", instando, entretanto, a população a comparecer a uma manifestação marcada para hoje à noite.
A oposição recusa-se a reconhecer a sua derrota contra o partido no poder, que acusa de seguir a tendência autoritária pró-Rússia.
Antiga república soviética do Cáucaso, na fronteira com o Mar Negro, a Geórgia continua muito marcada por uma breve guerra que disputou e perdeu em 2008 contra o exército russo.
No final do conflito, a Rússia instalou bases militares em duas regiões separatistas georgianas, a Abcásia e a Ossétia do Sul, cuja independência reconheceu unilateralmente.
Salomé Zourabichvili já tinha afirmado hoje, numa entrevista à agência de notícias AP, que esperava que os Estados Unidos da América e a União Europeia apoiassem os protestos.
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