Macron quer países francófonos unidos perante "desafios do século"
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou hoje aos países francófonos para que trabalhem em conjunto como "zona de influência diplomática", aproveitando também o potencial económico e comercial da língua.
© Pierre Suu/Getty Images
Mundo França
"A francofonia é uma zona de influência diplomática que nos permite enfrentar os desafios do século", declarou Emmanuel Macron na abertura da 19ª Cimeira dos países da Organização Internacional da Francofonia (OIF), apelando a "uma diplomacia que defenda a soberania e a integridade territorial em todo o planeta".
Emmanuel Macron aproveitou o momento para abordar os vários conflitos mundiais, mencionando a guerra na Ucrânia após a invasão da Rússia, onde a França discorda da posição de várias nações africanas francófonas, e também o Líbano.
"Estamos ao lado dos nossos amigos no Líbano, cuja soberania e paz estão hoje sob ataque", disse, referindo-se aos recentes bombardeamentos por parte de Israel ao país vizinho, que esteve sob administração francesa no final da 1ª Guerra Mundial e que também faz parte do mundo francófono.
A situação no Líbano, face aos ataques de Israel na luta contra as milícias do Hezbollah, será um dos temas centrais da cimeira, que termina no sábado, quando se espera que seja adotada uma resolução de apoio.
Numa altura em que os países do sul alegam frequentemente uma duplicidade de critérios por parte do Ocidente na gestão das crises internacionais, Macron defendeu que a paz passa por "uma solução de dois Estados" e "uma visão onde não há lugar para dois pesos e duas medidas, onde todas as vidas são iguais em todos os conflitos do mundo".
A OIF, que realiza pela primeira vez em 33 anos esta cimeira na sua sede em França, é um organismo de defesa e promoção da democracia e do Estado de direito, inclui uma grande parte dos países da África Ocidental e Central, antigas colónias francesas, que conhecerão uma explosão demográfica nas próximas décadas.
Na Cidade Internacional da Língua Francesa, em Villers-Cotterêts, a 60 quilómetros do norte de Paris, o Presidente francês sublinhou que o número de falantes de francês no mundo duplicará para 600 milhões em 10 anos, o que reforçará a projeção e o potencial económico e comercial da língua.
Em 2023, cerca de 10,7% da população em França eram imigrantes, muitos deles provenientes de países que têm em comum a língua francesa, segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatística (Insee).
A OIF agrupa 88 países, que passarão a 93 com a admissão de cinco novos membros, porém três dos seus membros foram suspensos devido a golpes de Estado que conduziram a regimes militares: Mali, Burkina Faso e Níger, alinhados com a Rússia de Vladimir Putin.
Emmanuel Macron apelou também à "construção de uma ordem digital que proteja os cidadãos", para "combater melhor a desinformação, a propagação do ódio na internet e o discurso de ódio racista e antissemita".
Também hoje, o ministro do Interior francês, o conservador Bruno Retailleau, conhecido pelas suas posições anti-imigração, assinou uma declaração para a criação de uma unidade de cooperação no início de 2025 com o governo italiano para trocar informações sobre tráfico de migrantes, seguindo o modelo que funciona desde 2020 com o Reino Unido.
Bruno Retailleau, que assumiu o cargo há duas semanas, mostrou-se determinado a combater a imigração ilegal no país.
Perante as propostas duras do seu ministro do Interior, o primeiro-ministro Michel Barnier, sublinhou na quinta-feira que será ele a "definir a linha" em matéria de imigração.
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