Mikati encontrou-se na quarta-feira em Nova Iorque com Blinken, com quem discutiu a proposta para uma trégua de 21 dias nos combates entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, que provocaram mais de 600 mortos nos últimos dias.
Alguns órgãos de comunicação social noticiaram que Mikati assinou o acordo, mas a informação foi desmentida hoje pelo seu gabinete num comunicado citado pelo jornal libanês L'Orient du Jour.
O gabinete do primeiro-ministro libanês acrescentou que Mikati apenas acolheu imediatamente a iniciativa conjunta dos Estados Unidos e da França sobre uma proposta de cessar-fogo.
Na declaração conjunta negociada à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, os países signatários afirmam que os recentes combates são "intoleráveis e apresentam um risco inaceitável de uma escalada regional mais alargada".
"Apelamos a um cessar-fogo imediato de 21 dias em toda a fronteira entre o Líbano e Israel para dar espaço à diplomacia", afirmaram na declaração, seguindo a agência norte-americana AP.
"Apelamos a todas as partes, incluindo os governos de Israel e do Líbano, para que aprovem imediatamente o cessar-fogo temporário", acrescentaram.
Fontes norte-americanas citadas pela AP disseram que o Hezbollah não seria signatário do acordo, mas que acreditavam que o Governo libanês coordenaria a sua aceitação com o grupo.
As mesmas fontes, que a AP não identificou, afirmaram esperar que Israel "acolha bem" a proposta e talvez a aceite formalmente quando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, discursar na Assembleia Geral na sexta-feira.
O gabinete de Netanyahu disse, para já, que o primeiro-ministro não tinha respondido ao apelo e que os combates iriam continuar "com toda a força".
"As notícias sobre um cessar-fogo são incorretas. Trata-se de uma proposta franco-americana, à qual o primeiro-ministro nem sequer respondeu", afirmou o gabinete de Netanyahu num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
Netanyahu está em viagem para Nova Iorque e foi substituído na chefia do Governo pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, que afirmou posteriormente que "não haverá cessar-fogo" com o Hezbollah.
"Continuaremos a lutar contra o grupo terrorista Hezbollah com toda a força até à vitória e ao regresso dos habitantes do norte às suas casas em segurança", disse Katz, citado pelo jornal israelita The Times of Israel.
Embora o acordo se aplique apenas à fronteira entre Israel e o Líbano, os responsáveis norte-americanos citados pela AP afirmaram que pretendiam utilizar uma pausa nos combates para reiniciar as negociações em Gaza.
As negociações sobre um acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas estão paralisadas, enquanto as forças israelitas prosseguem a ofensiva lançada há 11 meses em Gaza.
O Qatar disse hoje desconhecer uma ligação direta entre as negociações para uma trégua na Faixa de Gaza e os esforços internacionais para um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano.
"Não tenho conhecimento de uma ligação direta, mas obviamente as duas mediações sobrepõem-se muito, estando as mesmas partes, na sua maioria, envolvidas", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed al-Ansari
"Estamos a trabalhar com os nossos parceiros para garantir que exista um cessar-fogo imediato no Líbano", disse Ansari durante uma conferência de imprensa em Doha.
"Sobre a outra questão, a das conversações sobre Gaza, continuamos os nossos esforços", acrescentou.
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