"Pressionou-se sobre mim". Os relatos das alegadas vítimas de Al-Fayed
Várias mulheres acusam o empresário egípcio, que morreu no ano passado aos 94 anos, por crimes sexuais.
© Getty Images
Mundo Mohamed Al-Fayed
Várias mulheres relataram abusos sofridos às mãos do empresário egípcio, Mohamed Al-Fayed, pai de Dodi, que morreu na sequência do acidente de viação que também tirou a vida à Princesa Diana. As vítimas revelaram que o visado era "um monstro", "vil" e não tinha "qualquer bússola moral" e relataram os abusos.
Al-Fayed tornou-se mais conhecido pela nova geração pela sua aparição na série da Netflix, 'The Crown', passando uma imagem de alguém afável.
Foi isto que espoletou os relatos das mulheres que deram o seu testemunho à BBC, revelando que esta imagem está longe de ser verdade.
"Ele era vil", disse uma das mulheres, Sophia, que trabalhou como sua assistente pessoal entre 1988 e 1991.
"Isso deixa-me zangada, as pessoas não deviam lembrar-se dele assim. Não era assim que ele era", declarou, revelando que ele tentou violá-la mais de uma vez.
"Não podia ir-me embora. Não tinha uma casa [de família] para onde voltar, tinha de pagar a renda. Sabia que tinha de passar por isto e não queria. Foi horrível e a minha cabeça ficou baralhada", afirmou Sophia, ressalvando que viveu "um pesadelo".
Uma outra mulher conta que Al-Fayed a violou no seu apartamento de Park Lane, revelando que "não queria que isso acontecesse". "Não dei o meu consentimento. Só queria que acabasse", continuou.
Outra vítima também afirmou ter sido abusada sexualmente pelo empresário quando era adolescente. "Mohamed Al-Fayed era um monstro, um predador sexual sem qualquer bússola moral", acusou, acrescentando que todos os funcionários do Harrods tinham "medo" e eram tratados como se fossem os seus 'brinquedos'.
Alice, nome fictício, contou que se sentia, tal como as colegas, impotente para o impedir de cometer os abusos.
"Vimo-nos todas a entrar por aquela porta a pensar 'pobre rapariga, hoje és tu' e a sentirmo-nos completamente impotentes", lamentou.
'Rachel' também trabalhou como assistente pessoal no Harrods na década de 1990. Uma noite, após o trabalho, disse ter sido chamada ao seu apartamento de Park Lane. Quando chegou, Al-Fayed pediu-lhe para se sentar na cama e pôs a mão na sua perna.
"Lembro-me de sentir o corpo dele em cima de mim, o peso dele. De o ouvir fazer aqueles ruídos. E de ir para outro sítio na minha cabeça. Ele violou-me", relatou a mulher.
Gemma foi assistente pessoal de Al-Fayed entre 2007 e 2009 e revelou que o seu comportamento era assustador durante as viagens de trabalho ao estrangeiro, acabando por, numa deslocação a Paris, ter sido violada pelo empresário.
A vítima contou que acordou assustada no seu quarto e tinha o patrão, apenas com um roupão de seda vestido, a tentar invadir a sua cama.
"Disse-lhe 'não quero' e ele continuou a tentar entrar na cama, altura em que estava em cima de mim e eu não me conseguia mexer. Estava com a cara virada para baixo na cama e ele pressionou-se sobre mim", relatou Gemma, dando ainda conta que, enquanto ele se levantava, lhe dizia agressivamente para se lavar com Dettol para que "obviamente, apagasse qualquer vestígio da sua presença dentro de mim".
Recorde-se que o documentário e podcast 'Al-Fayed: Predador no Harrods', da BBC, reuniu evidências que, durante a sua gestão nos grandes armazéns de luxo em Londres, no Reino Unido, o homem costumava visitar regularmente os vastos andares de vendas da loja e identificar jovens assistentes que achava atraentes. Após serem 'escolhidas a dedo', eram então promovidas para trabalhar nos seus escritórios no andar de cima. Muitas delas deram os seus depoimentos e relataram os abusos de que eram alvo por parte de Al-Fayed.
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