EUA pedem a Israel para proteger trabalhadores humanitários em Gaza
O chefe da diplomacia norte-americana apelou hoje a Israel para que garanta a proteção dos trabalhadores humanitários na Faixa de Gaza, após a morte de 18 pessoas, incluindo oito funcionários das Nações Unidas, num bombardeamento de uma escola.
© MARK SCHIEFELBEIN/POOL/AFP via Getty Images
Mundo Médio Oriente
"A primeira coisa que é importante sublinhar é o trabalho essencial e vital dos trabalhadores humanitários em Gaza e em todo o mundo", disse Antony Blinken durante uma conferência de imprensa na Polónia, onde se encontra em visita oficial, depois de na quarta-feira ter estado em Kyiv com o homólogo britânico, David Lammy.
Para o responsável norte-americano, "é essencial" que as atividades humanitárias "sejam protegidas e facilitadas".
"Precisamos de ver que os locais humanitários são protegidos", disse o secretário de Estado norte-americano, antes de garantir que Washington "continua a levantar" esta necessidade junto das autoridades israelitas no âmbito da sua ofensiva contra Gaza, desencadeada após os ataques perpetrados em 7 de outubro de 2023 pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e outras fações palestinianas.
Blinken acusou o Hamas de "utilizar estes locais para levar a cabo as suas operações e constituir uma ameaça".
"Esta situação tem de acabar, uma vez que estas ações põem em risco a população civil", afirmou o governante norte-americano, sublinhando que este último acontecimento "sublinha a urgência de alcançar um cessar-fogo".
"É a melhor forma de garantir a existência de um espaço verdadeiramente protegido em Gaza, onde os trabalhadores humanitários possam não só continuar a efetuar o seu trabalho, mas também aumentar consideravelmente o seu trabalho em benefício das pessoas que necessitam desesperadamente de ajuda.
Dois ataques aéreos de Israel à escola al-Jaouni, em Nuseirat, no centro de Gaza, que albergava deslocados, provocaram 18 mortos, entre eles seis funcionários da ONU, e 18 feridos.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) denunciou o ataque como o maior número de mortos entre o seu pessoal "num único incidente" e detalhou que entre os mortos estavam o diretor do abrigo instalado no centro e outros membros da equipa de assistência aos deslocados que se encontravam no local.
A agência disse que a escola, onde vivem 12.000 pessoas deslocadas - principalmente mulheres e crianças - "foi atacada cinco vezes desde o início da guerra".
"Ninguém está a salvo em Gaza. Ninguém é poupado", acrescentou.
Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou os bombardeamentos "totalmente inaceitáveis" e defendeu o "fim imediato destas violações dramáticas do direitos internacional humanitário".
A Alemanha - que, tal como os EUA, é um tradicional aliado de Israel - condenou igualmente o ataque, afirmando que o exército israelita "tem a responsabilidade de proteger o pessoal da ONU e os trabalhadores humanitários".
A União Europeia, através do chefe da diplomacia, Josep Borrell, também já expressou a sua indignação com a morte dos trabalhadores humanitários, defendendo que que "não pode ser aceitável" o "desprezo pelos princípios básicos da lei humanitária internacional, especialmente a proteção de civis".
Israel lançou uma ofensiva feroz contra a Faixa de Gaza em resposta aos ataques de 7 de outubro, que causaram cerca de 1.200 mortos e 250 raptados.
Desde então, as autoridades de Gaza registaram a morte de mais de 41.100 palestinianos, além de mais de 690 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, em ações das forças de segurança e ataques de colonos israelitas.
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