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Assalto ao Capitólio deveu-se a Trump não aceitar que "foi demitido"

A candidata presidencial democrata norte-americana Kamala Harris denunciou a violência do ataque ao Capitólio em 2021, acusando Donald Trump de ter incitado a multidão à invasão, e apelou a que o país não regresse ao passado. 

Assalto ao Capitólio deveu-se a Trump não aceitar que "foi demitido"
Notícias ao Minuto

06:34 - 11/09/24 por Lusa

Mundo Kamala Harris

 

"Donald Trump foi demitido por 81 milhões de pessoas e está com dificuldade em processar isso", afirmou Kamala Harris no debate presidencial de terça-feira (madrugada de hoje em Lisboa) entre ambos, depois de o republicano se ter escusado a admitir que perdeu as eleições em 2020. 

"Eu estava lá e nesse dia [a 06 de janeiro de 2021 no Capitólio] o presidente incitou uma multidão violenta a atacar e profanar o Capitólio da nossa nação", afirmou Harris, lembrando que centenas de agentes foram atacados e alguns morreram. 

A democrata ligou o assalto em Washington D.C. a outros momentos, dos motins de Charlottesville às milícias de extrema-direita Proud Boys, afirmando que não se tratou de uma situação isolada. 

Harris, virada para Trump, disse-lhe que os líderes mundiais se riem dele e consideravam que ele era uma desgraça. "Você perdeu, de facto, aquela eleição", afirmou. 

"Não temos de voltar para trás", disse a democrata. "Está na altura de seguir em frente". 

Uma visão de futuro foi algo que repetiu várias vezes, abarcando alguns dos temas domésticos mais importantes para o eleitorado, como a economia e o aborto. 

A questão dos direitos reprodutivos foi discutida de forma acesa, com Harris a falar de casos dramáticos de mulheres a quem foram negados cuidados médicos nas urgências devido à revogação do direito federal ao aborto. 

"Donald Trump vai assinar uma proibição nacional do aborto", disse Harris. "Eu apoio a restauração das proteções de Roe v. Wade", garantiu, referindo-se à lei que foi revogada pela maioria conservadora do Supremo Tribunal com três juízes nomeados por Trump. 

Outro momento importante do debate debruçou-se sobre a crise migratória nas fronteiras. Kamala Harris acusou Trump de ter forçado os congressistas republicanos a abandonarem uma proposta bipartidária que iria reforçar a segurança e facilitar a perseguição de gangues internacionais. 

"Donald Trump pegou no telefone e disse-lhes para matarem a proposta, porque prefere fazer uma campanha com base no problema em vez de o resolver", apontou. 

Harris aproveitou este segmento para enquadrar Trump como alguém errático e com ideias estranhas. Convidou o público a assistir a um comício do candidato e a vê-lo elogiar Hannibal Lecter, um presidiário homicida do filme "Silêncio dos Inocentes", com as pessoas a abandonarem ao fim de algum tempo por estarem completamente aborrecidas. 

"Não vão é ouvi-lo falar de vocês", afirmou, rindo-se em reação às tiradas do oponente e lembrando que recebeu o apoio de "mais de 200 republicanos". 

Harris também falou da condenação criminal de Trump e os outros problemas legais que enfrenta, num cenário em que o Supremo Tribunal essencialmente lhe deu imunidade para fazer o que quiser num hipotético segundo mandato. 

Segundo a verificação da CNN, Donald Trump mentiu 33 vezes e Kamala Harris fez afirmações falsas uma vez. 

Sediado pela rede ABC News, o debate decorreu no National Constitution Center, em Filadélfia, e foi regido pelas mesmas regras que foram ditadas para o histórico debate de junho entre Trump e o atual Presidente e ex-candidato democrata, Joe Biden, que acabou por desistir da corrida após um fraco desempenho nesse confronto.

Os jornalistas da ABC News David Muir e Linsey Davis moderaram o debate -- o único agendado até ao momento entre Donald Trump e Kamala Harris, pelo que poderá ser a primeira e única vez que os eleitores verão os dois políticos num frente-a-frente antes da eleição geral.

Leia Também: Campanha de Kamala Harris pede segundo debate contra Trump

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