"Medo". Menina de 8 anos perde cabelo devido ao stress da guerra em Gaza
A criança sonha em regressar a casa, no norte de Gaza, e procurar os seus brinquedos, os presentes dos professores e os seus vestidos nos escombros.
© mahmoudhamda
Mundo Israel/Palestina
Aos oito anos, Sama Tabeel ainda tem os pais e todas as partes do corpo, mas perdeu quase todo o cabelo devido ao stress da guerra em Gaza.
Com um lenço cor-de-rosa a cobrir a cabeça, a menina, que está com a família num campo de refugiados em Khan Younis, disse à NBC News sentir-se “aterrorizada com os bombardeamentos”.
“Sama foi exposta ao horror, ao medo e ao pânico”, lamentou a mãe da criança, Olfat Tabeel, de 33 anos.
Certa noite, a família foi acordada pelo som de bombardeamentos, em Rafah. Fugiu para um hospital, onde o mesmo sucedeu. Dois ou três dias depois, Sama estava a pentear-se e alertou a mãe para a sua queda de cabelo.
Alguns médicos equacionaram que a menina poderia ter alopécia, mas o cabelo caiu-lhe todo de uma vez. Um profissional de saúde receitou-lhe um medicamento, mas os efeitos secundários eram demasiado fortes. Já outro apontou que o couro cabeludo da criança teria de ser analisado, mas esse tipo de exame não é realizado em Gaza.
“Mais do que um médico disse-nos que se trata de um estado psicológico e de medo, e que ela precisa de vitaminas e de uma alimentação saudável”, disse Olfat.
Antes da escalada da guerra com Israel, Sama adorava o seu cabelo. De facto, a menina “endoidecia” a mãe, uma vez que fazia três a quatro penteados por dia.
“Muitas vezes acordo de manhã e vejo a minha filha a segurar o espelho e a gritar”, contou.
Sama deixou de brincar com outras crianças, que fizeram pouco de si por estar careca. Se antes a criança dizia que não queria morrer, agora a história é outra.
“Sama diz-me, ‘Mãe, quero morrer’”, admitiu.
“A nossa casa foi-se, o meu avô foi-se, a minha tia foi-se, perdi o meu cabelo e tenho medo de perder um dos meus irmãos, a minha mãe, o meu pai”, complementou Sama.
A menina sonha em regressar a casa, no norte de Gaza, e procurar os seus brinquedos, os presentes dos professores e os seus vestidos nos escombros.
Até lá, Sama espera que o cabelo volte a crescer a tempo do seu nono aniversário, em outubro.
Mais de 40 mil pessoas, incluindo milhares de crianças, foram mortas em Gaza desde a escalada da guerra, a 7 de outubro. Segundo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 pessoas morreram, 790 das quais civis, e cerca de 240 foram raptadas.
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