UE classifica exílio de González como "dia triste para a democracia"
O alto representante da União Europeia para os Assuntos Externos, Josep Borrell, disse que hoje "é um dia triste para a democracia", após ser confirmado o exílio do candidato presidencial venezuelano Edmundo González em Espanha.
© Getty Images
Mundo Venezuela
"Hoje é um dia triste para a democracia na Venezuela", lamentou Josep Borrell numa declaração citada pela agência Efe relativamente ao exílio em Espanha de Edmundo González Urrutia devido à "repressão, perseguição política e ameaças diretas contra a sua segurança e liberdade".
O opositor venezuelano ao atual presidente Nicolás Maduro viaja hoje num avião da Força Aérea espanhola para Espanha, onde o Governo de Madrid lhe concederá asilo político.
"O líder político e candidato presidencial Edmundo Gonzáles teve que pedir asilo político e socorrer-se da proteção oferecida por Espanha", lamentou o responsável da UE.
O chefe da diplomacia europeia recordou que "Edmundo González, de acordo com as cópias das atas publicamente disponíveis, seria o candidato presidencial vencedor das eleições, por uma maioria ampla".
"Numa democracia, nenhum líder político deve ver-se forçado a procurar asilo noutro país", sublinhou Josep Borrell.
O alto representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança exigiu às autoridades venezuelanas, em nome da UE, "pôr fim à repressão, às detenções arbitrárias e ao instigamento contra os membros da oposição e da sociedade civil, assim como libertar todos os presos políticos".
"A UE continuará a apoiar o povo venezuelano na sua aspiração democrática", concluiu.
A Espanha concederá "naturalmente" o asilo político ao candidato da oposição às eleições presidenciais da Venezuela Edmundo González Urrutia, afirmou hoje o chefe da diplomacia de Madrid, José Manuel Albares, à televisão espanhola.
O político venezuelano Edmundo González Urrutia, que a oposição diz ter vencido as presidenciais de 28 de julho, deixou na noite de sábado a Venezuela em direção a Espanha, anunciou a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez.
A responsável explicou que, "após os contactos pertinentes entre ambos os governos, cumpridas as diligências necessárias e em conformidade com o Direito internacional, a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários, no interesse da paz e da tranquilidade política do país".
"Esta conduta reafirma o respeito pelo Direito que tem prevalecido nas ações da República Bolivariana da Venezuela perante a comunidade internacional", sublinhou, precisando que, nas próximas horas, dará mais informações.
Antigo embaixador da Venezuela na Argentina e na Argélia, Edmundo González Urrutia, 75 anos, aceitou ser candidato nas presidenciais de 28 de julho de 2024, em substituição da líder opositora María Corina Machado, desqualificada pelas autoridades e impossibilitada de exercer cargos públicos durante 15 anos.
Em 03 de setembro, um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu um mandado de prisão para González Urrutia.
O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de "usurpação de funções", "falsificação de documentos públicos", "instigação à desobediência das leis", "conspiração", "sabotagem, danos no sistema e associação [para cometer crimes]".
A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo polícias e militares nas ruas, para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.
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