Primeiro-ministro polaco sugere a Kyiv resolução de problemas históricos
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, apelou hoje a Kyiv para a resolução das diferenças históricas que minam as relações entre os dois países, ao mesmo tempo que reafirmou o apoio total ao seu vizinho na defesa da agressão russa.
© Getty Images/Jakub Porzycki
Mundo Ucrânia/Rússia
Em conferência de imprensa, Tusk foi questionado sobre um recente apelo do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, em que sugeria que se deixasse "a história aos historiadores" e os dois países construíssem "o futuro juntos", um apelo que provocou uma onda de comentários negativos na Polónia.
As relações entre Varsóvia e Kiev continuam marcadas por diferentes episódios da sua história comum, nomeadamente pelos massacres de cerca de cem mil civis polacos perpetrados por membros do Exército Insurgente Ucraniano (UPA), entre 1943 e 1945 na Volínia, ou pelas deportações em 1947 para a Ucrânia.
"Se as nossas relações fossem dominadas pelas emoções, encontrar-nos-íamos numa situação em que a Rússia venceria", disse Kuleba na quarta-feira durante um debate público com o chefe da diplomacia de Varsóvia, Radoslaw Sikorski, perante jovens na cidade polaca de Olsztyn .
Em reação, Tusk, historiador de formação, expressou hoje a sua "opinião inequívoca e negativa" sobre as declarações de Kuleba.
"A Ucrânia terá de responder às expectativas da Polónia não enterrando a sua história, mas organizando as nossas relações com base na verdade sobre esta história", declarou o chefe do governo polaco.
Tusk recordou que a possível adesão da Ucrânia à União Europeia dependia, entre outras coisas, da resolução deste litígio histórico e da luz verde de Varsóvia.
"Penso que mais cedo ou mais tarde os próprios ucranianos chegarão à conclusão de que uma amizade polaco-ucraniana baseada na verdade histórica é, acima de tudo, do seu interesse", disse Tusk.
No entanto, o primeiro-ministro polaco insistiu que as diferenças históricas não prejudicam de forma alguma o apoio da Polónia a Kiev.
"Apoiamos a Ucrânia de todas as formas possíveis na sua guerra defensiva contra a agressão russa", declarou a propósito da invasão lançada pela Rússia em fevereiro de 2022.
Desde então, a Polónia tem sido um dos principais parceiros de Kiev e o seu território recebeu acima de um milhão de refugiados ucranianos, sendo igualmente essencial para o fornecimento de armamento ocidental às tropas da Ucrânia.
As relações entre os dois países foram, no entanto, perturbadas recentemente por fortes protestos de agricultores polacos, criticando benefícios europeus à exportação de cereais ucranianos.
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