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Rússia condena visita de ministro israelita ao Monte do Templo

A Rússia condenou hoje a entrada de judeus, incluindo o ministro radical israelita Itamar Ben Gvir, na Esplanada das Mesquitas, situada em Jerusalém e um dos lugares sagrados do Islão.

Rússia condena visita de ministro israelita ao Monte do Templo
Notícias ao Minuto

20:59 - 14/08/24 por Lusa

Mundo Médio Oriente

Em comunicado hoje divulgado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifesta-se "extremamente preocupado com a nova provocação organizada pelo ministro de Segurança nacional de Israel Ben Gvir", que na terça-feira reivindicou o direito dos judeus rezarem na Esplanada das Mesquitas.

 

"Lamentavelmente, descaramentos deste tipo pelos partidários do sionismo religioso repetem-se com regularidade" e "acendem os sentimentos radicais tanto na sociedade israelita como entre os palestinianos e minam os esforços internacionais para conter a violência do conflito israelo-palestiniano no contexto das ações bélicas na Faixa de Gaza", refere a mesma fonte.

As autoridades de Israel "não devem limitar-se a uma advertência, mas a tomar medidas eficazes para pôr fim a esta prática prejudicial, que viola grosseiramente o 'status quo' dos santuários de Jerusalém estabelecido no acordo de paz jordano-israelita de 1994", referiu ainda a diplomacia russa.

O ministro Ben Gvir visitou a Esplanada na manhã de terça-feira, aproveitando o feriado de Tisha B'av, acompanhado por milhares de colonos judeus, e reivindicou o direito dos judeus de ali rezarem - um gesto simbólico que já tinha feito em diversas ocasiões, provocando a indignação da população palestiniana.

Pouco depois, o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, garantiu num comunicado que qualquer legislação sobre o local de culto - o terceiro mais importante para o Islão depois de Meca e Medina -- é competência do Governo e não de um qualquer ministro.

A oração judaica é praticada no Muro das Lamentações - localizado num dos lados da Esplanada - e isto é aconselhado pelo Rabinato Maior de Israel, embora nos últimos anos, alguns rabinos alinhados com o movimento religioso do sionismo tenham alterado esta recomendação e defendam a oração onde foi construído o Segundo Templo.

De acordo com o 'status quo' em vigor desde 1967 -- quando Israel ocupou a parte oriental de Jerusalém, onde se situa a Esplanada -- o local está reservado exclusivamente ao culto dos muçulmanos, enquanto os judeus só podem entrar como visitantes, uma vez que as leis judaicas proíbem os seus fiéis de rezar neste local sagrado, apenas permitido a alguns rabinos.

A iniciativa do radical Itamar Ben Gvir foi também condenada pela União Europeia (UE), Estados Unidos e ONU, além de Egito, Jordânia e outros países da região.

Hoje, cinco influentes rabinos, incluindo o ex-rabino-chefe sefardita de Israel, Yitzhak Yosef, e o rabino da Cidade Velha de Jerusalém, Avigdor Nebenzahl, condenaram Ben Gvir.

"Não vejam estes ministros do Governo como representantes do povo de Israel. (...) A maioria dos judeus na Terra de Israel e no mundo não sobe ao Monte do Templo", disseram os rabis, utilizando o termo pelo qual é conhecida em hebraico a Esplanada das Mesquitas, o terceiro ponto mais importante do Islão.

"Por favor, ajam para acalmar as coisas. Todos acreditamos num só Deus e queremos a paz entre as nações, e não devemos deixar que os extremistas nos guiem", acrescentaram os rabinos.

Também hoje, o jornal israelita Yated Ne'eman - ligado ao partido ultraortodoxo Judaísmo da Torá Unida (JUT) - também criticou, num editorial, a visita de Ben Gvir, alegando que "põs em perigo vidas judaicas".

O Médio Oriente tem assistido a uma escalada de tensões devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, iniciada há 10 meses, que já provocou cerca de 40.000 mortos, incluindo no Líbano e no Irão.

Em setembro de 2000, a visita do então líder do partido Likud, Ariel Sharon, à Esplanada das Mesquitas desencadeou a segunda Intifada, uma revolta palestiniana que durou até fevereiro de 2005, com um saldo de milhares de mortos.

Leia Também: Cinco rabinos condenam visita de ministro ao Monte do Templo

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