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UE, EUA e ONU condenam ação de judeus na Esplanada das Mesquitas

A União Europeia (UE), os Estados Unidos e a ONU condenaram hoje a entrada de judeus na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, incluindo o ministro da Segurança, Itamar Ben Gvir, que desafiou a política oficial do próprio Governo israelita.

UE, EUA e ONU condenam ação de judeus na Esplanada das Mesquitas
Notícias ao Minuto

18:36 - 13/08/24 por Lusa

Mundo Médio Oriente

Numa mensagem nas redes sociais, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, assinalou que Bruxelas "condena energicamente as provocações" do ministro israelita.

 

"Durante a sua visita aos lugares santos, [Itamar Ben Gvir] defendeu a violação do 'status quo'. A UE reitera o apelo dos seus líderes em junho no sentido de que se mantenha o 'status quo', inclusive relativamente ao papel especial da Jordânia" na administração dos locais de culto de Jerusalém, sublinhou Borrell.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, considerou "inaceitável" a oração feita pelo ministro israelita na Esplanada das Mesquitas.

"Não só é inaceitável, como também desvia a atenção do que parece ser um momento vital, enquanto trabalhamos para concluir um acordo de cessar-fogo" em Gaza, disse Patel à imprensa.

Nas Nações Unidas, um porta-voz do secretário-geral António Guterres qualificou a presença de Ben Gvir no local sagrado muçulmano uma "provocação desnecessária".

"Estamos contra qualquer tentativa de mudar o 'status quo' relacionado com os lugares santos. (...) Este tipo de comportamento não ajuda e é uma provocação desnecessária", disse o porta-voz Farhan Haq, em declarações à comunicação social.

Trata-se da terceira vez que o ministro Ben Gvir se desloca à Esplanada das Mesquitas em datas importantes para reclamar o direito dos judeus a rezar no local, provocando a ira da população palestiniana.

Em setembro de 2000, a visita do então líder do partido Likud, Ariel Sharon, à Esplanada das Mesquitas desencadeou a Segunda Intifada, uma revolta palestiniana que durou até fevereiro de 2005, com um saldo de milhares de mortos.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, demarcou-se da iniciativa de Ben Gvir, afirmando num comunicado tratar-se de "uma manobra de diversão".

Netanyahu afirmou ainda que a política do Governo não mudou em relação ao acordo de 1967, que reserva aos muçulmanos o culto na Esplanada das Mesquitas.

Situada no setor de Jerusalém ocupado e anexado por Israel, a Esplanada das Mesquitas está construída sobre as ruínas do segundo templo judaico, destruído em 70 d.C. pelos romanos.

Para os judeus, é o Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.

A Esplanada das Mesquitas alberga a Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islão, depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita.

A ação de hoje de manhã coincidiu com o dia em que os judeus assinalam a destruição dos seus templos sagrados no local.

Alguns dos judeus hastearam bandeiras israelitas e rezaram no local, apesar de estarem proibidos de o fazer.

Nos termos do 'status quo' acordado em 1967 entre Israel e os países árabes liderados pela Jordânia, o culto no recinto está reservado aos muçulmanos.

Os judeus só podem entrar como visitantes em horários predeterminados, caminhar ao longo de um percurso definido, acompanhados por polícias, e rezar no Muro das Lamentações, que se encontra nas proximidades.

A Jordânia é a guardiã dos locais sagrados muçulmanos e cristãos em Jerusalém Oriental, embora Israel controle o acesso e as visitas aos locais, ao abrigo dos acordos de paz subscritos pelos dois países em 1994.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano atribuiu a ação a extremistas judeus que querem "impor um controlo total" e alertou para as "repercussões perigosas" que tais iniciativas poderão ter em toda a região.

O Médio Oriente tem assistido a uma escalada de tensões devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, iniciada há 10 meses, que já provocou mais de 40.000 mortos, incluindo no Líbano e no Irão.

A iniciativa de hoje de manhã também foi condenada pelo Egito e pela Jordânia, entre outros países da região.

Leia Também: Israel reivindica morte de 100 combatentes do Hamas em Rafah

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