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Catalunha começa investidura de governo socialista sob ameaças de Puigdemont

A Catalunha inicia hoje o processo parlamentar para investir o socialista Salvador Illa presidente do governo regional e acabar com 14 anos de executivos independentistas, num novo ciclo político cujo arranque ainda pode ser perturbado pelo separatista Carles Puigdemont.

Catalunha começa investidura de governo socialista sob ameaças de Puigdemont
Notícias ao Minuto

07:33 - 06/08/24 por Lusa

Mundo Espanha

O "novo ciclo político na Catalunha" saiu das eleições autonómicas de 12 de maio, em que os socialistas foram os mais votados e os independentistas tiveram "maus resultados", como reconheceu a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, separatista).

 

A ERC, "entendendo os resultados" e assumindo não ser possível haver um novo governo na Catalunha liderado por independentistas, por estas formações terem perdido a maioria absoluta no parlamento regional, negociou a viabilização de um executivo de esquerda com o Partido Socialista catalão (PSC, estrutura regional do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE).

O outro grande partido independentista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), do ex-presidente autonómico Carles Puigdemont, apostava pela repetição das eleições e condenou a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo "espanholista" para a região.

Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola na sequência de declaração unilateral de independência de 2017, que liderou, acusou mesmo a ERC de ser a responsável pela sua detenção "nos próximos dias", quando regressar a Espanha para estar presente, como deputado eleito, na sessão de investidura do novo governo regional, como prometeu durante a campanha.

A ERC e o JxCat negociaram com os socialistas do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, uma amnistia para os independentistas catalães que, embora esteja já em vigor, não foi ainda concedida pelos juízes a Puigdemont, que continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol.

Se Puigdemont regressar a Espanha nos próximos dias, como prometeu, e se for detido, conseguirá, pelo menos, adiar a investidura do socialista Salvador Illa como presidente do governo regional (conhecido como Generalitat). Isso mesmo disseram já vários partidos, que asseguram que pedirão a suspensão da sessão para consultarem as direções e deliberar sobre uma tomada de posição.

Para evitar a repetição das eleições, o parlamento catalão tem até 26 de agosto para investir um presidente da Generalitat, num processo que formalmente arranca hoje.

Após o acordo da semana passada entre os socialistas e a ERC, o presidente do parlamento, Josep Rull (do JxCat) faz hoje uma ronda de contactos com os partidos que elegeram deputados, com vista a marcar o plenário de investidura de Salvador Illa.

A previsão é que o plenário seja marcado para a próxima quinta-feira ou um dos dias seguintes.

O PSC, de Salvador Illa, foi o mais votado nas eleições autonómicas catalãs de 12 de maio. O JxCat ficou em segundo e a ERC, que está atualmente à frente da Generalitat, foi terceira.

O socialista, que foi ministro da Saúde de Espanha durante a pandemia, precisa de 68 votos a favor para ser investido, logo na primeira votação, presidente da Generalitat, o número exato de deputados que tem o PSC (42), a ERC (20) e o Comuns (6), um partido que integra a plataforma de esquerda Somar, que está na coligação do governo espanhol com o PSOE.

A situação política na Catalunha tem tido e deverá continuar a ter impactos diretos na governação de Espanha, por o executivo de Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do JxCat.

Leia Também: Catalunha. ERC pede respeito pela democracia a Puigdemont

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