"Quero sentar-me com os estudantes que protestam e ouvi-los, não quero conflitos", afirmou Hasina, segundo a agência noticiosa do Bangladesh, BSS, citada pela Efe.
Hasina pediu às autoridades para libertarem os estudantes detidos nas últimas semanas, depois de as forças de segurança terem detido milhares de pessoas em vários casos relacionados com confrontos entre manifestantes e a polícia, pretendendo, ainda, julgamentos individuais para cada morte.
Estes comentários com cariz mais conciliatório representam uma mudança acentuada face à retórica de Hasina no início dos protestos, em julho, quando os estudantes universitários começaram a exigir o fim da reserva de postos de trabalho no setor público para descendentes dos combatentes da guerra da independência de 1971.
Na ocasião, a primeira-ministra comparou os manifestantes ao grupo paramilitar Rasar, que tentou impedir a divisão do atual Bangladesh durante o conflito com o Paquistão, o que instigou os estudantes.
O tom dos protestos agravou-se depois das declarações de Hasina sobre o envolvimento de partidos da oposição e de alegações de organizações não-governamentais de que houve uma repressão excessiva por parte das forças de segurança.
Fontes hospitalares, policiais, familiares e dos bombeiros afirmaram à Efe que pelo menos 194 pessoas morreram no último mês durante os confrontos, embora o movimento estudantil estime o número de vítimas mortais em 266.
O Supremo Tribunal decidiu em favor dos estudantes, abolindo a maior parte das quotas de 30%, mas os estudantes mantiveram as manifestações, exigindo justiça para as vítimas de violência nos protestos.
Na sexta-feira, pelo menos outras duas pessoas -- incluindo um polícia -- morreram, enquanto dezenas ficaram feridas.
Os estudantes voltaram hoje a convocar novas manifestações para todo o país, tendo paralisado o trânsito em alguns dos principais cruzamentos da capital, Daca, de acordo com a comunicação social local.
Os estudantes afirmam que se o executivo não satisfizer as suas exigências vão redobrar os seus protestos e promover um boicote geral.
Entre as exigências estão um pedido de desculpas incondicional de Hasina pelas mortes e a demissão de vários ministros.
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