Mais de 800 mortos em Gaza só na primeira semana de junho

Os intensos bombardeamentos e ofensivas terrestres das forças israelitas em Gaza causaram mais de 800 mortos e mais de 2.400 feridos só na primeira semana de junho, denunciou hoje a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF).

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© Mahmud Hams/AFP via Getty Images

Lusa
11/06/2024 21:28 ‧ 11/06/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Como pode o assassinato de mais de 800 pessoas numa única semana, incluindo crianças, e a mutilação de centenas de outras serem consideradas uma operação militar ao abrigo do direito humanitário internacional?", questionou esta ONG.

"Não podemos continuar a aceitar a afirmação de que Israel está a tomar todas as precauções", acrescentou, em comunicado.

O dia mais mortal da primeira semana de junho foi no sábado, quando as forças israelitas lançaram a operação de resgate de quatro reféns em plena luz do dia no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, e que causou a morte de mais de 270 palestinianos e quase 680 feridos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, enclave controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas.

No ataque, morreram 64 crianças, 57 mulheres e 37 idosos, ainda de acordo com a mesma fonte, enquanto 89 casas habitadas e edifícios residenciais foram bombardeados por Israel.

"Estes terríveis ataques causaram dor e sofrimento inaceitáveis que ilustram um claro desrespeito pela vida da população palestina", apontou ainda a MSF, que instou Israel a "deter imediatamente estes massacres".

A MSF advertiu ainda que as numerosas ofensivas militares israelitas nas últimas semanas causaram "um influxo recorrente de vítimas em massa" às instalações médicas desta ONG na área central de Gaza e em Rafah, no sul do enclave onde as tropas continuam a sua incursão terrestre.

"A resolução de ontem (segunda-feira) do Conselho de Segurança deve ser implementada sem demora: não há zonas seguras em Gaza", alertou também a MSF em referência à última resolução deste órgão da ONU que estabelece um plano de três fases para acabar com a guerra em Gaza.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 249.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 37.164 mortos e 84.832 feridos, além de cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: Hamas diz ter dado resposta a cessar-fogo em Gaza com alguns "reparos"

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