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Eleições britânicas favoráveis a trabalhistas mas história sugere cautela

Quando o primeiro-ministro conservador Rishi Sunak convocou eleições legislativas para 04 de julho, vários analistas consideraram um bom presságio para o Partido Trabalhista britânico porque na última vez que decorreram neste mês, em 1945, Clement Attlee derrotou Winston Churchill.

Eleições britânicas favoráveis a trabalhistas mas história sugere cautela
Notícias ao Minuto

06:54 - 30/05/24 por Lusa

Mundo Reino Unido

Nas eleições de 05 de julho de 1945, o trabalhista Attlee, que tinha sido vice primeiro-ministro no governo de unidade nacional, ganhou com uma larga maioria absoluta. 

Já no poder, iniciou uma série de reformas no Reino Unido, como a criação do Serviço Nacional de Saúde e do sistema de segurança social, nacionalizou serviços públicos e promoveu a construção de habitação social em grande escala.

As eleições, dois meses depois do "Dia da Vitória" (que assinala a vitória europeia dos aliados sobre o regime da Alemanha nazi), derrubaram o conservador Churchill, o "herói" que liderou os britânicos durante a Segunda Guerra Mundial mas perdeu 219 assentos parlamentares.

Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista britânico (principal força da oposição) desde abril de 2020, vai tentar obter um resultado semelhante.

"A comparação não é absolutamente disparatada. Os dois homens têm semelhanças - nasceram em Surrey, de origens burguesas, advogados de boas escolas, oradores aborrecidos", ironizou o analista Charles Moore no jornal Daily Telegraph.

De acordo com os dados eleitorais disponíveis, os trabalhistas têm uma vantagem quase insuperável superior a 20 pontos percentuais nas sondagens, uma margem consistente há vários meses.

Nunca um partido esteve tão atrás como os conservadores britânicos estão agora e conseguiu ganhar. Uma recuperação apenas em cinco semanas seria inédita.

Mas há exemplos anteriores de quando as margens nas sondagens se tornaram mais apertadas durante as campanhas eleitorais, nomeadamente em 2017.

No dia em que Theresa May convocou eleições antecipadas, os 'tories' (conservadores) tinham uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais nas sondagens, mas nas semanas seguintes a diferença encolheu e o partido ficou a 2,3 pontos à frente do Partido Trabalhista então liderado por Jeremy Corbyn.

O resultado foi que os conservadores perderam a maioria absoluta e passaram a depender do Partido Democrata Unionista (DUP) da Irlanda do Norte para formar governo.

Esta foi a análise feita pelo primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, quando anunciou as eleições mais cedo do que o previsto.

"O Partido Trabalhista quer que pensem que esta eleição está ganha ainda antes de ter começado. Mas eu não penso que o resultado esteja decidido", afirmou Sunak, avisando que "os britânicos não gostam de ser subestimados".

As eleições de 1992 podem servir de inspiração. 

Apesar do carisma do trabalhista Neil Kinnock e da vantagem do 'Labour' (Partido Trabalhista) nas sondagens de 16 pontos percentuais semanas antes das eleições, John Major conseguiu renovar a maioria absoluta dos conservadores antes liderados por Margaret Thatcher. 

Nas eleições de 2015 e 2019, as maiorias absolutas de David Cameron e de Boris Johnson, respetivamente, também surpreenderam os analistas. 

Os trabalhistas perderam quatro eleições consecutivas, em 2010, 2015, 2017 e 2019, e os líderes do partido estão preocupados em dar por garantida a liderança nas sondagens.

Keir Starmer, antigo procurador-geral de Inglaterra e País de Gales, continua sem entusiasmar muitos eleitores de esquerda e de direita. 

"Independentemente do que dizem as sondagens, sei que há inúmeras pessoas que ainda não decidiram como vão votar nestas eleições", admitiu o político.

Desde que substituiu o socialista Jeremy Corbyn na liderança, Starmer transformou o Partido Trabalhista, reorientando as políticas de esquerda para o centro, tal como Tony Blair fez nos anos 1990.

Tim Bale, professor de política na Queen Mary University of London, vincou que, embora Starmer não seja uma "figura particularmente inspiradora como Blair", consegue ultrapassar Rishi Sunak "em quase todos os indicadores do que as pessoas querem de um primeiro-ministro".

"Ele não é ótimo", reconheceu Bale, mas, frisou o académico, "é suficientemente bom".

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