Em declarações à agência noticiosa France Presse após o acordo alcançado para uma coligação, seis meses após o seu pertido ter vencido as eleições, Wilders informou sobre a tentativa para obter "aquilo a que se chama uma derrogação para o asilo, como fizeram os dinamarqueses", ou seja, um acordo de exclusão das políticas comuns de asilo.
"Se conseguirmos, poderá demorar anos", assumiu o responsável, acrescentando que, a curto prazo, a coligação procurará utilizar a legislação holandesa para limitar o que apelidou de "afluxo de requerentes de asilo" aos Países Baixos.
"O que temos hoje no nosso acordo é, de facto, a [política] anti-asilo mais rigorosa alguma vez implementada nos Países Baixos", assumiu.
O porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, manifestou já reservas, referindo que "não se pode derrogar a legislação europeia". "Estamos a trabalhar com base nos tratados e na legislação existentes", afirmou.
Esta manhã, após uma maratona de negociações, os líderes de quatro partidos apresentaram um acordo que define a política a seguir nos próximos anos, mas ainda não se conhece quem será o primeiro-ministro da quinta maior economia da União Europeia (UE).
Os signatários do acordo intitulado "Esperança, Coragem e Orgulho" também concordaram em considerar a transferência da embaixada holandesa de Telavive para Jerusalém, como desejam as autoridades israelitas que transferiram para esta cidade a sua capital.
Trata-se de um assunto ainda mais sensível devido ao conflito em curso na Faixa de Gaza e evitado pela maioria dos governos.
"Tendo em consideração as soluções para o conflito israelo-palestiniano e os interesses diplomáticos, analisaremos quando é que a embaixada poderá ser transferida para Jerusalém, no momento oportuno", lê-se no documento de 26 páginas.
Quanto à política externo, a coligação garantiu que será um "parceiro construtivo" no seio dos 27 e apoiará a Ucrânia "política, militar, financeira e moralmente".
O acordo também garante que os Países Baixos continuarão a "aderir aos acordos existentes" em matéria de clima, mas avisa que se não forem atingidos os objetivos, haverá "políticas alternativas".
O acordo foi alcançado entre o Partido para a Liberdade (PVV) de Geert Wilders, o partido pró-agrícola BBB, o partido liberal VVD e o novo partido anti-corrupção NSC.
Em março, os quatro partidos tinham concordado em optar por um governo parcialmente tecnocrático, composto por 50% de políticos e 50% de não políticos.
Frans Timmermans, líder da oposição e membro da aliança entre os Verdes e a Esquerda, considerou hoje como um "dia preocupante".
"Temos agora um partido de direita radical sob a liderança de Wilders que se encontra no centro do poder nos Países Baixos", afirmou.
Já Wilders classificou como histórico o facto de o seu partido estar agora "no centro do poder" e garantiu que "o sol voltará a brilhar nos Países Baixos".
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