Patriarca ortodoxo sérvio impedido de entrar no Kosovo
O patriarca ortodoxo sérvio Porfírio foi impedido de entrar no Kosovo, onde deveria deslocar-se para participar na reunião anual dos bispos, anunciou hoje a Igreja Ortodoxa num comunicado.
© Getty
Mundo Kosovo
O patriarca e mais sete altos dignitários da Igreja Ortodoxa Sérvia (SPC) dirigiam-se a Peja (Pec, para os sérvios), no oeste do Kosovo, quando lhes foi recusada "sem explicação" a entrada no posto fronteiriço de Merdare, refere o comunicado.
Porfírio, eleito patriarca em 2021, é considerado um amigo próximo do Presidente sérvio, Aleksandar Vucic. Em dezembro de 2022, Pristina já o tinha impedido de entrar no Kosovo.
"Enquanto a Sérvia (...) não autorizar as visitas dos nossos representantes à Sérvia, e sobretudo enquanto não puser fim às suas campanhas contra a República do Kosovo na cena internacional, (...) enquanto continuar o seu discurso de ódio e as suas ameaças à República do Kosovo e seus representantes, também não autorizaremos as visitas", reagiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros kosovar na rede social Facebook.
Os oito clérigos pretendiam viajar até um mosteiro onde decorrerá a reunião anual dos mais altos dignitários da Igreja Ortodoxa, que considera o Kosovo - que declarou em 2008 a sua independência da Sérvia - o berço da ortodoxia sérvia.
O Kosovo "é ao mesmo tempo o nosso berço e a nossa casa", afirmou o patriarca ortodoxo na sua encíclica da Páscoa de 2024, acrescentando: "Na Velha Sérvia, encontram-se os nossos vivos e os nossos mortos".
"Do ponto de vista dos direitos humanos e das liberdades (...), a decisão de proibir o líder da Igreja Ortodoxa Sérvia e os bispos de visitarem a sede histórica da Igreja Ortodoxa Sérvia é irrazoável e inaceitável", critica-se no comunicado.
O encontro previsto para Peja realizar-se-á na terça-feira em Belgrado, na catedral de São Sava, acrescentou ainda a SPC.
Após uma guerra sangrenta, a que se seguiu a declaração de independência do Kosovo, Pristina e Belgrado comprometeram-se finalmente, em 2011, a encetar um diálogo sob a égide da União Europeia, com o objetivo de normalizar as suas relações.
Mas, em mais de dez anos, foram mais as tensões que os avanços.
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