Eis o trajeto da Estónia desde a adesão à União Europeia em 2004

O percurso da Estónia é de disputas e ocupações, da reconquista da independência em 1991, após décadas de dependência soviética, e início de um processo de integração na União Europeia (UE) há 20 anos.

Estonian flag on the wind are  seen in Tallinn, Estonia on 30 April 2019  (Photo by Michal Fludra/NurPhoto via Getty Images)

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Lusa
29/04/2024 08:11 ‧ 29/04/2024 por Lusa

Mundo

UE/Alargamento

Depois de séculos sob domínio de Dinamarca, Suécia e até Rússia, em 24 de fevereiro de 1918 a Estónia apresentou a sua declaração de independência, mas a Segunda Guerra Mundial coartou a soberania deste país do Báltico, primeiro com a invasão da União Soviética, em 1940, a ocupação da Alemanha Nazi um ano mais tarde e a reocupação por parte de Moscovo em 1944.

A Cortina de Ferro ergueu-se e assim ficou até 1991, quando a dissolução do bloco soviético abriu caminho para a reconquista da independência. Quebrar com um passado de perda de soberania impunha-se, por isso a Estónia iniciou o caminho para aderir à União Europeia e fazer parte do último grande alargamento do bloco comunitário.

Em setembro de 2000 o Fundo Monetário Internacional (FMI) deu conta de que a Estónia "tinha como prioridade a integração na UE" e que estava a fazer uma "rápida transição para uma economia de mercado e integração na economia mundial".

Para isso contribuiu, de acordo com o FMI, um Acordo de Associação de 1998, que estabeleceu um diálogo permanente entre a Comissão Europeia de Jacques Santer e Tallinn.

O FMI chegou a fazer um paralelismo com Portugal, Espanha e a Irlanda para descrever a relação entre os custos e benefícios da adesão da Estónia à UE, notando que os três países registaram "um crescimento rápido" depois de integrarem o bloco comunitário e que o mesmo era expectável para o país do Báltico.

Mas havia um obstáculo difícil de ultrapassar: décadas de corrupção e dependência de Moscovo, fruto da ocupação soviética.

"Não havia outra maneira, tínhamos de fazer as reformas que tinham pedido antes de integrarmos a União Europeia", sustentou a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa.

A primeira-ministra reforçou que era do interesse do país "acabar com a corrupção": "Os investidores confiam na nossa economia quando confiam no Estado de direito".

"Foi difícil para nós, na década de 1990... Quando estávamos sob ocupação, a União Soviética normalizou a corrupção. Era 'ok' roubar do Estado, já que o Estado era ocupante. De certa maneira, prejudicávamos o regime roubando o regime. Quando alcançámos a nossa liberdade, de repente deixou de ser 'ok' roubar do Estado. Era nosso! Por isso é que hoje somos um dos países que mais luta contra a corrupção", sustentou.

As negociações para a adesão decorreram entre 1998 e 2002.

De acordo com um relatório do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Estónia, de 2009, também foi importante explicar à União Europeia os benefícios da integração da Estónia.

Ethel Halliste, secretária de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros entre 1997 e 1999 e secretária de imprensa da missão da Estónia para a UE entre 1999 e 2003, descreveu um processo que implicava informar a população estónia e outras partes interessadas no estrangeiro de todas as etapas do processo, "apresentando o país e criando uma imagem positiva entre os Estados-membros da UE".

Internamente, o Governo, ainda a atravessar um processo de transição democrática que precisava de consolidação, ficou responsável por insistir na vontade de fazer parte da UE.

Seguiram-se uma série de eventos em universidades e grupos de reflexão, com jornalistas convidados, para implantar a ideia de que o país estava pronto para aderir à União, revelou Ethel Halliste.

Concretizada a adesão, a Estónia procurou uma maneira de quebrar com o estigma que persistia por ser um dos países mais periféricos.

Praticamente 20 anos depois de aderir, a Estónia destaca-se no mapa dos 27 por ser o país no mundo com mais startups "unicórnio" (as que estão avaliadas em mais de mil milhões de euros) 'per capita'.

Para esta conquista contribuíram a população pequena (cerca de 1,3 milhões de pessoas), um grande desenvolvimento tecnológico e incentivos à inovação, a par de um ambiente propício para empresas que queiram fixar-se no país.

A proximidade à Rússia - são pouco mais de 200 quilómetros até à fronteira - também levou o país a continuar a investir na área da defesa.

Em 2023, a Estónia investiu 2,96% do seu produto interno bruto (PIB) em defesa, bem acima dos 2% de mínimo exigido pela Organização do Tratado do Atlântico Norte e é o quarto país que mais investe nesta área no conjunto dos 32 países da aliança político-militar, à qual se juntou também em 2004. 

Leia Também: Estónia é "história de sucesso" na UE e tem hoje "voz" que URSS calou

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