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Ucrânia e outros juntaram-se aos Balcãs na lista de espera de adesão à UE

Quando se celebram 20 anos sobre o maior alargamento da União Europeia (UE), avoluma-se a lista de espera de países candidatos, com uma Ucrânia em guerra e outros vizinhos a juntarem-se aos países dos Balcãs Ocidentais, há muito na 'fila'.

Ucrânia e outros juntaram-se aos Balcãs na lista de espera de adesão à UE
Notícias ao Minuto

08:25 - 28/04/24 por Lusa

Mundo União Europeia

Vinte anos após o maior alargamento do projeto europeu, com a entrada simultânea de 10 países, em 2004, são atualmente nove os países com estatuto oficial de "candidatos" à adesão: Albânia, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Macedónia do Norte, Montenegro, Moldova, Sérvia, Turquia e Ucrânia.

A estes, junta-se, como "candidato a candidato", outro país dos Balcãs Ocidentais, o Kosovo, que tem o problema suplementar de ainda não ser reconhecido por cinco Estados-membros da UE.

Entre os países candidatos, aquele que há mais tempo tem esse estatuto é paradoxalmente o que parece mais distante da adesão: trata-se da Turquia, que conquistou o estatuto de candidato ainda no século passado (1999), iniciou negociações de adesão em 2005, mas estas estão congeladas desde 2016, por a UE entender que Ancara se foi desviando cada vez mais do caminho e dos valores europeus.

Na sequência da agressão militar russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, Ucrânia, Geórgia e Moldova submeteram pedidos de adesão, apreciados em 'tempo recorde', já que em junho a Ucrânia e Moldova receberam o estatuto de países candidatos e, em dezembro de 2023, o Conselho Europeu deu 'luz verde' à abertura formal de negociações com estes dois países, concedendo ainda o estatuto de país candidato à Geórgia. Apesar da natural urgência destes países em fazer parte da UE, os processos estão assim todavia numa fase muito inicial.

Com negociações em curso há anos para aderir à UE encontram-se assim os países dos Balcãs Ocidentais, aos quais há muito é prometida uma perspetiva europeia, mas que tarda em concretizar-se, o que tem provocado uma sensação de frustração, perigosa para a própria União, como concordam analistas ouvidos pela Lusa.

De acordo com Engjellush Morina, especialista em política no Conselho Europeu de Relações Externas (ECFR, na sigla original), um 'think tank' (grupo de reflexão) pan-europeu, embora haja atualmente "muita energia e iniciativas em torno da Ucrânia e Moldova, pela questão de segurança", os países dos Balcãs Ocidentais "não devem ficar para trás, até porque esta região continua a ser fértil em termos de instabilidade, e é pequena".

"Os Balcãs Ocidentais têm 18 milhões de pessoas, metade da população do Reino Unido, que saiu [da UE] há três anos. Pode facilmente substituir-se metade do Reino Unido pelos seis países dos Balcãs", sustenta, acrescentando que estes "claro que têm de estar prontos" para a adesão, o que ainda não sucede, por exemplo, com a Sérvia, que "desde 2019 não fez quaisquer progressos".

Esta analista ressalva, contudo, que "se houver vontade da parte da UE, é exequível em poucos anos trazer estes países, até porque há muitos anos que trabalham nesse sentido".

"Há muitas coisas que a UE pode fazer para garantir estabilidade na região, e o alargamento é uma das respostas óbvias, quando mais não seja pela própria segurança da União. Há muita influência russa nos Balcãs, e se tal não for levado a sério, num cenário hipotético de um regresso de Donald Trump [à presidência norte-americana], a região vai estar muito exposta à instabilidade, e a Rússia tentará influenciar ainda mais Estados como a Sérvia e partes da Bósnia", assinala.

Engjellush Morina lembra ainda que "a região está tão perto da UE, tão entrelaçada com a União, há tanto investimento e tanto empenho da UE na região para melhorar o Estado de direito e a democracia", que "todos estes esforços dos últimos 20 anos seriam basicamente desperdiçados, e seria uma pena voltar à gestão de crises em vez de aproximar a região da UE".

Já quanto à Ucrânia, a especialista em política considera "difícil ser o próximo" país a aderir à União, "por ser enorme e estar ainda em guerra, entre outras questões", e defende que se deve antes privilegiar a sua progressiva integração, o que, de resto, "já está a acontecer".

Também Berta Lopez Domènech, analista política do centro de estudos European Policy Centre (EPC), sublinha a necessidade de não defraudar as expectativas dos países dos Balcãs Ocidentais, alertando que o processo "só funciona se a perspetiva de adesão for real, ou a UE perder poder negocial".

"É verdade que desde há dois anos que a UE está a tentar relançar ou reavivar o processo. Mas do lado dos candidatos, que aguardam há muitos e muitos anos, os níveis de ceticismo de que, desta vez, a UE está a falar a sério ainda são muito elevados", alerta.

Berta Lopez Domènech recorda que, em 2014, o então presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, "foi tão vocal sobre não haver adesões durante o seu mandato, que desmotivou muito países candidatos a fazerem reformas".

"Havia esta narrativa de que era altura de aprofundar a integração, e não de alargar a UE. Isso travou os países dos Balcãs Ocidentais. Desenvolvimentos como a guerra na Ucrânia provaram que este argumento é errado, ou pelo menos é muito perigoso, pois a insegurança e a instabilidade são muito elevadas", comenta.

Considerando que é "difícil antecipar" quando se poderão concretizar as próximas adesões - até porque "parece haver consenso relativo sobre manter o processo aberto, mas não há um consenso sobre como fazê-lo", havendo quem defenda que se proceda antes a reformas institucionais e dos Tratados - esta analista do EPC considera que o país candidato mais perto de se tornar Estado-membro é Montenegro.

"O mais próximo é Montenegro, pois foi o país que abriu e fechou mais capítulos, economicamente é o que está mais alinhado com UE, e é pequeno - apenas 600 mil habitantes", diz, considerando ainda assim "ambicioso" o objetivo assumido por este país dos Balcãs de se tornar o 28º Estado-membro da União em 2028.

Leia Também: UE. Nos 20 anos do 'big bang', União entreabre porta a mais adesões

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