O responsável editorial falava na qualidade de testemunha durante o julgamento do ex-Presidente norte-americano, em Nova Iorque.
Pecker, Trump e o então advogado do magnata, Michael Cohen, tiveram uma reunião em agosto de 2015, na qual chegaram a um acordo para que o diretor comprasse qualquer história que pudesse prejudicar a sua imagem durante a campanha eleitoral ou publicasse artigos para o favorecer frente a outros candidatos, como o republicano Ted Cruz ou a democrata Hillary Clinton.
"Michael Cohen chamava-me e dizia: Gostávamos que publicasses um artigo negativo sobre Ted Cruz", disse Pecker, durante o testemunho, numa alusão ao então candidato presidencial republicano e senador pelo Texas.
Relativamente a Clinton, afirmou que Trump se mostrou "satisfeito" quando sugeriu publicar histórias negativas sobre a candidata presidencial democrata, acrescentando que este tipo de artigos era "muito vendável" no jornal.
Pecker indicou que o acordo que firmaram com Trump não foi colocado por escrito porque foi feito "entre amigos".
"Creio que foi mutuamente benéfico. Ajudava a campanha e também me ajudava a mim", admitiu, segundo a cadeia CNN.
Pecker explicou que o editor em chefe do tabloide, Dylan Howard, o informou em junho de 2016 da história da modelo da Playboy Karen McDougal, que alegadamente teria mantido uma relação extraconjungal com Trump, e à qual pagou cerca de 150.000 dólares pelo silêncio.
A reação de Cohen, ao inteirar-se, foi assegurar que o relato era "absolutamente falso".
O ex-diretor executivo da AMI relatou que de cada vez que Cohen o chamava para falar sobre McDougal -- muitas vezes ligava duas vezes por dia -- parecia "mais ansioso", como se estivesse sob pressão.
Explicou que o jornal decidiu comprar a história de Dino Sajudin, ex-porteiro da Organização Trump que afirmava que o magnata tinha tido um filho fora do casamento, porque "teria sido muito embaraçoso" que saísse à luz em plena campanha eleitoral, apesar de saber que a história era "mil por cento falsa".
O acordo de confidencialidade garantia que essa história não se filtrasse. "Pagando os 30.000 dólares, tinhas o exclusivo completo e a opção de publicar ou não o artigo", indicou.
Pecker afirmou ainda que reteve a publicação desta história até depois das eleições presidenciais de 2016, a pedido de Cohen.
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