"Uma boa política ambiental é idêntica a uma boa política económica, se medirmos a economia pela forma como produz empregos com dignidade no longo prazo e como preserva a essência da comunidade", afirmou o candidato, durante um evento de campanha a propósito do Dia da Terra.
"O que os grandes poluidores querem que façamos é tratar o planeta como se fosse uma loja em liquidação total, converter os recursos naturais em dinheiro o mais rapidamente possível", afirmou Kennedy Jr., que tem colocado a defesa ambiental na base da sua candidatura.
"Depois de alguns anos de prosperidade baseada em poluição, geramos a ilusão de uma economia próspera, mas os nossos filhos vão pagar por isto com horizontes delapidados, saúde pobre, doenças crónicas e maus alimentos", considerou, "com custos de limpeza que vão crescendo".
O evento de campanha, onde também estiveram presentes a nomeada para vice-presidente Nicole Shanahan e personalidades ligadas à proteção do ambiente, serviu para solidificar o apelo da candidatura à faixa do eleitorado mais sensível à crise climática, em especial os mais jovens.
Kennedy Jr. não falou da sua controversa posição antivacinas mas disse que "não devemos apenas procurar a saúde na agulha de uma seringa".
A sua visão, no caso de chegar à Casa Branca, é garantir que os recursos ambientais se mantêm no domínio público e não possam ser monopolizados por corporações privadas.
"Passei 40 anos a confrontar este argumento de que um investimento no nosso ambiente diminui a riqueza da nação", afirmou o candidato, referindo que cresceu em Washington -- é filho do senador Robert F. Kennedy e sobrinho do presidente John F. Kennedy -- mas não quis fazer parte dos lóbis nem passar a vida a angariar financiamento.
"Queria trabalhar com a água, nas florestas, com pessoas que passam a vida a trabalhar na natureza", afirmou. Disse que foi o seu envolvimento com pescadores que lhe ensinou as lições mais importantes como ambientalista. "Os pescadores viam a poluição como um roubo", indicou.
Kennedy Jr. defendeu uma abordagem integrada, em que são sistematizadas as ligações entre o sistema alimentar, a saúde e a democracia. "A natureza enriquece a humanidade, não só economicamente mas também na saúde, bem-estar, cultura e História".
Um dos motes da campanha é renovar a ligação à natureza e abandonar o que chamam de fundamentalismo do carbono, em que o foco das medidas ambientais é a redução das emissões.
"Há esta noção de que o único problema são as emissões de carbono. O problema é muito maior que isso, é um problema de como interagimos com o mundo como um todo", considerou Kennedy Jr.
"A primeira pergunta que devemos fazer é como é que olhamos para todo o sistema e compreendemos como estas coisas se relacionam", incluindo questões como o aumento das doenças crónicas e a erosão dos solos.
Nicole Shanahan salientou que a sociedade está perante uma bifurcação e deve escolher entre o "futuro aumentado" e com excesso de engenharia ou o futuro "alinhado e em parceria com a natureza".
O conselheiro da campanha Charles Eisenstein salientou que esta discussão "é um sinal de mudança" no discurso político, já que Kennedy Jr. se apresenta como candidato capaz de desafiar os dois principais contendores, Joe Biden e Donald Trump.
"Não estamos separados da natureza. O que lhe fazemos a ela fazemos a nós próprios", afirmou. "A poluição que colocamos no mundo vai acabar por poluir os nossos próprios corpos".
Robert F. Kennedy Jr. já garantiu presença nos boletins de voto no Michigan e no Utah e conseguiu as assinaturas necessárias para o New Hampshire, Nevada, Havai, Carolina do Norte, Idaho, Nebrasca e Iowa.
O candidato tem conseguido cerca de 10% das intenções de voto nas sondagens nacionais, sendo considerado um 'spoiler' para Biden e para Trump -- tanto apela aos progressistas que dão prioridade à crise climática como aos conservadores que rejeitaram as vacinas contra a covid-19.
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