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País Basco. Independentistas fazem história, mas nacionalistas governam

O partido independentista basco EH Bildu, dos herdeiros dos braços políticos da ETA, teve hoje um resultado histórico nas eleições no País Basco, mas o governo da região espanhola vai continuar nas mãos do Partido Nacionalista Basco (PNV).

País Basco. Independentistas fazem história, mas nacionalistas governam
Notícias ao Minuto

23:53 - 21/04/24 por Lusa

Mundo País Basco

Os dois partidos elegeram o mesmo número de deputados (27 cada), embora o PNV tenha tinha mais votos do que o EH Bildu (35,22% e 32,5%, respetivamente).

Para a maioria absoluta são necessários 38 deputados no parlamento regional e só o PNV tem um aliado para formar uma coligação do governo: o partido socialista (PSE-EE, estrutura regional do partido socialista espanhol, PSOE), que foi hoje de novo a terceira força nas eleições bascas, em que conseguiu 12 deputados e 14,21% dos votos.

Na última legislatura, o PSE-EE já integrou a coligação no governo regional, liderada pelo PNV. Durante a campanha eleitoral, garantiu que só estar disponível para novas coligações com os nacionalistas, embora em Madrid o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez tenha sido viabilizado e continue a depender do apoio parlamentar tanto do PNV como do EH Bildu.

O candidato socialista nestas eleições, Eneko Andueza, argumentou que dirigentes do EH Bildu nunca fizeram a condenação plena da ETA e garantiu hoje, depois de conhecidos os resultados, que os bascos podem ficar sem "nenhuma dúvida" de que vai fazer aquilo que anunciou.

Já o candidato do PNV a 'lehendakari' (presidente do governo basco), Imanol Pradales, e o líder do partido, Andoni Ortuzar, reclamaram vitória nas eleições e disseram que o partido pretende assumir de novo a liderança do executivo autónomo e vai contactar as outras forças políticas.

Nenhum deles referiu concretamente o partido socialista, mas tanto o PNV como o PSE-EE manifestaram durante a campanha a disponibilidade para reeditarem a atual coligação no governo.

Quanto ao EH Bildu, o líder da candidatura nestas eleições, Pello Otxandiano, garantiu na semana passada que a falta de entendimento no País Basco com os socialistas não poria em causa os apoios a Sánchez no governo central, porque o partido não faz "troca de cromos" e rege-se pela "política com propósito", sendo que o objetivo da Madrid "é fechar a porta a um possível governo de extrema-direita", o que se mantém.

Pello Otxandiano sublinhou hoje que o resultado do EH Bildu foi "espetacular, histórico" e "um passo de gigante" para a esquerda independentista basca, que pela primeira vez disputou a vitória numas eleições regionais com o PNV, ameaçando de forma inédita a hegemonia dos nacionalistas.

"O mapa político já é absolutamente novo, já estamos numa realidade política nova", disse o dirigente do EH Bildu.

O PNV, de centro-direita, foi sempre o partido mais votado nas eleições regionais bascas e, com a exceção de um período de três anos entre 2009 e 2012, esteve também sempre à frente do governo autonómico.

O EH Bildu é uma plataforma de partidos independentistas de esquerda que integra formações herdeiras dos antigos braços políticos da ETA, tendo entre os militantes e dirigentes ex-membros do grupo terrorista.

O partido, que nos seus estatutos tem inscrita a condenação da violência com objetivos políticos, nasceu em 2012, com o fim da atividade da ETA e no contexto da crise financeira, tendo-se assumindo desde o início, e consolidado ao longo destes 12 anos, como um partido com preocupações sociais, relegando para um plano secundário as questões identitárias ou a independência do País Basco.

PNV e EH Bildu conseguiram, no conjunto, perto de 70% dos votos hoje e o próximo parlamento regional será o mais nacionalista da história do País Basco, depois de uma campanha centrada, no essencial, em questões socioeconómicas e coincidindo com um momento em que, segundo todos os estudos de opinião, o desejo de independência está em mínimos históricos entre os bascos.

No novo parlamento basco haverá, por outro lado, menos deputados de partidos da esquerda espanhola, apenas um, do Somar (que está no governo central de Espanha com o PSOE), resultado de um movimento de votos destas formações para o EH Bildu.

Já o Partido Popular (PP, direita) elegeu sete deputados e o Vox (extrema-direita) manteve o único que já tinha.

Havia atualmente no parlamento basco 31 deputados do PNV, 21 do EH Bildu, 10 dos socialistas, seis do PP, seis do Podemos (extrema-esquerda), um do VOX e um do Cidadãos (liberal).

Em Madrid, a direção nacional do PSOE congratulou-se por ter melhorado os resultados no País Basco em relação há quatro anos e por continuar a ser um "partido central e decisivo" no região.

Já o PP considerou a resultado do EH Bildu "uma má notícia" e culpou Pedro Sánchez, pelo "branqueamento" de um partido que os populares entendem que não condenou ainda a violência da ETA.

Leia Também: País Basco. Eleições ditam empate entre nacionalistas e independentistas

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