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Greve de médicos e retrocessos marcam legislativas na Coreia do Sul

O preço do cebolinho, greves de médicos, uma alegada piada sexista, além de retrocessos democráticos apontados por observadores marcam as eleições legislativas de quarta-feira na Coreia do Sul.

Greve de médicos e retrocessos marcam legislativas na Coreia do Sul
Notícias ao Minuto

19:15 - 09/04/24 por Lusa

Mundo Coreia do Sul

O cebolinho tornou-se incontornável depois de o Presidente conservador, Yoon Suk Yeol, ter desdramatizado o preço da planta aromática, tendo os opositores liberais do Partido Democrático levado cebolinhos para os comícios e acusado o dirigente de não conhecer a realidade.

A divisão entre conservadores e liberais é muito acentuada e, segundo a agência noticiosa AP, muitos dos 44 milhões de eleitores deverão votar conforme a sua filiação partidária. A polarização tem feito crescer os moderados, que se focam nos preços, no emprego e nos impostos -, segundo Choi Jin, diretor do Instituto de Liderança Presidencial, com sede em Seul.

O especialista calculou que cerca de 30% dos sul-coreanos se consideram conservadores, outros 30% liberais e os restantes 40% moderados. Outros especialistas situam a percentagem de moderados em 30%.

Mesmo que os liberais mantenham a maioria parlamentar, a agenda de política externa do Presidente deverá manter-se inalterada quanto ao reforço da cooperação de segurança com os EUA e com o Japão e à adoção de uma posição firme quanto ao programa nuclear da Coreia do Norte, segundo os especialistas.

Já a greve que dura há semanas de milhares de médicos deve-se à proposta de Yoon de aumentar em dois terços o limite máximo anual de admissão às faculdades de medicina, com os médicos a argumentar que as universidades não conseguem gerir um aumento tão acentuado e que os serviços vão ser prejudicados.

A campanha tem ainda sido marcada por linguagem atípica, como quando Lee Jae-myung, líder do Partido Democrático, criticou a candidata rival Na Kyung-won, do Partido do Poder Popular, pelas suas alegadas opiniões pró-japonesas. Lee chamou-lhe "nabe", uma combinação das primeiras letras do seu nome com as últimas letras do nome do falecido primeiro-ministro japonês de direita Shinzo Abe.

Nabe, em japonês, significa pote, cuja tradução coreana é "naembi", que pode ser usado como um termo depreciativo para referir uma mulher com muitos parceiros sexuais.

A agência noticiosa EFE deu ainda conta dos retrocessos democráticos que, segundo observadores internacionais, se verificaram no país.

O último relatório anual do Instituto V-Dem - um projeto multinacional que estuda e avalia a qualidade democrática de diferentes países refere a Coreia do Sul como uma democracia, mas que "está num episódio de autocratização", sendo o nono país do mundo a registar o maior declínio no chamado Índice de Democracia Liberal (LDI) em 2023.

O relatório justificou a descida com "as medidas coercivas do Presidente Yoon Suk-yeol para punir membros da anterior administração Moon Jae-in, juntamente com ataques à igualdade de género", acrescentando que a "Grécia e a Coreia do Sul são exemplos que demonstram que o atentado à liberdade de expressão e à liberdade dos meios de comunicação social está longe de ser reservado aos países que se estão a tornar autocracias severas".

Uma recente sondagem mostrou, pela primeira vez em seis semanas, a subida da taxa de aprovação do Presidente Yoon para 37,3%, enquanto a taxa de desaprovação caiu 1,2 pontos, para 59,5%.

As últimas sondagens mostravam o partido de Yoon, o Partido do Poder Popular, ligeiramente atrás do Partido Democrático, que detém atualmente 142 dos 300 lugares na Assembleia Nacional.

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