O principal tópico da discussão é o mesmo dos últimos dois anos, a invasão russa da Ucrânia, e para isso vai haver mais uma reunião do Conselho NATO-Ucrânia, estrutura criada há cerca de um ano com a finalidade de aproximar o país invadido da Aliança Atlântica, enquanto a adesão formal não pode ser abordada.
Kyiv tem insistentemente pedido mais munições e sistemas de defesa antiaérea para tentar debelar os possíveis progressos de Moscovo no campo de batalha, com o final do inverno e o degelo em território ucraniano a abrir caminho para a movimentação na frente de batalha.
A possibilidade de o apoio norte-americano 'secar', com uma eventual vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro, preocupa a Ucrânia e também os países da NATO, que olham para a reforço imediato das capacidades militares ucranianas como única maneira de assegurar que a Rússia não conquista mais território e é empurrada para negociações que conduzam a um cessar-fogo.
Os países mais próximos do flanco leste olham com preocupação para o desenrolar do conflito. O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse recentemente que o clima é "de pré-guerra", enquanto o Presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu enviar tropas para a Ucrânia.
Mas a embaixadora dos Estados Unidos para NATO, Julianne Smith, descartou hoje os dois cenários: "Não há indicações de que uma guerra da Rússia seja iminente no território da NATO" e "os EUA não apoiam o envio de tropas para combater a Ucrânia".
Uma boa parte dos países da NATO deverá chegar este ano aos 2% de percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) investido em defesa, mas Portugal, por exemplo, só traçou essa meta para 2030, faltando saber se o novo Governo planeia antecipar este objetivo, numa altura em que é cada vez mais consensual na aliança político-militar e na União Europeia a necessidade de reforçar a defesa.
Internamente, ressurgiu a discussão do serviço militar obrigatório, que acabou em 2004, e que é apontada pelas mais altas patentes militares como uma maneira de equilibrar o rácio despesa/resultados e gerar uma maior disponibilidade da população para a Defesa.
A reunião de Bruxelas é de estreias e coincide, na quinta-feira, com o 75.º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), que vai ser assinalado no quartel-general do bloco político-militar.
A Suécia vai participar pela primeira vez numa reunião ministerial, enquanto 32.º Estado-membro, precisamente um ano depois de a Finlândia ter aderido à Aliança Atlântica.
Os dois países escandinavos apresentaram a candidatura em simultâneo, em 2022, mas a adesão de Estocolmo foi atribulada e só ficou concluída no início de março deste ano, após a ratificação dos protocolos de adesão por parte dos parlamentos da Turquia e Hungria, que bloquearam o processo durante mais de um ano.
Paulo Rangel, novo ministro dos Negócios Estrangeiros, também vai estrear-se como chefe da diplomacia portuguesa na reunião em Bruxelas.
A sucessão de Jens Stoltenberg enquanto secretário-geral não está nos pontos de discussão, mas decorrem paralelamente reuniões, que apontam Mark Rutte como o melhor candidato.
Os ministros também vão discutir maneiras de reforçar a cooperação com os países do Indo-Pacífico, numa altura em que a alteração do panorama geopolítico internacional também vai conduzir ao reenquadramento da relação com a China.
A NATO disse em várias ocasiões que não vê Pequim como um adversário e até encoraja o desenvolvimento de relações bilaterais entre países da Aliança Atlântica e a China.
Contudo, tem insistido também que são cada vez mais evidentes as aproximações chinesas com a Rússia, a Coreia do Norte e o Irão, países que a NATO encara como adversários.
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