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Sudão do Sul. Jornalista morto em 2017 foi vítima de "fogo cruzado"

O jornalista britânico-americano Christopher Allen, que morreu em 2017 enquanto cobria a guerra civil no Sudão do Sul, foi "morto involuntariamente como resultado de fogo cruzado", concluiu hoje uma comissão de inquérito do Governo sul-sudanês.

Sudão do Sul. Jornalista morto em 2017 foi vítima de "fogo cruzado"
Notícias ao Minuto

15:39 - 21/03/24 por Lusa

Mundo Sudão do Sul

O jornalista e fotógrafo freelancer de 26 anos morreu depois de ter sido baleado na cabeça, no final de agosto de 2017, durante os combates entre o exército sul-sudanês, leal ao Presidente, Salva Kiir, e as forças rebeldes do seu rival Riek Machar, com as quais se encontrava, na cidade de Kaya, no extremo sul do país.

Após a morte do jornalista, o Governo rejeitou as acusações de que o jornalista tinha sido deliberadamente visado pelo exército.

Após anos de pressão dos Estados Unidos, Reino Unido e da família do jornalista, o Governo de Salva Kiir anunciou, em outubro passado, a abertura de um inquérito.

Numa conferência de imprensa que apresentou os resultados da investigação, o chefe da comissão de inquérito governamental, David Charles Ali Bilal, afirmou hoje que "Christopher Allen foi morto involuntariamente em resultado de fogo cruzado".

Bilal sublinhou que os confrontos tiveram lugar por volta das 05:30 da manhã (03:30 hora de Lisboa), uma altura em que é muito difícil ver "quem é preto e [quem é] branco".

O jornalista "tinha entrado ilegalmente no Sudão do Sul", acrescentou, afirmando que Allen "não usava qualquer vestuário de proteção ou identificação de imprensa".

O ministro da Informação, Michael Makuei, tinha afirmado que Christopher Allen "não era um alvo" e tinha descrito o jornalista como um "rebelde branco" que tinha entrado ilegalmente no país.

Esta investigação confirma a teoria avançada pelas autoridades sul-sudanesas na altura.

Em agosto passado, a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apelou aos Estados Unidos para que conduzissem o seu próprio inquérito, face à "incapacidade de Juba de apontar o dedo à responsabilidade".

"As informações disponíveis revelam que o facto de o jornalista ter sido deliberadamente visado e o tratamento dado ao seu corpo após a sua morte, incluindo fotografias que o mostram como um troféu, constituem crimes de guerra", segundo a RSF.

O Sudão do Sul, que se tornou independente em 2011 com o apoio essencial de Washington, seu principal financiador, mergulhou numa guerra civil dois anos depois.

Um acordo de paz foi assinado em 2018, mas o país ainda luta para recuperar da violência, que em cinco anos deixou quase 400.000 mortos e milhões de deslocados.

Segundo o índice de liberdade de imprensa da RSF relativo ao ano de 2023, o Sudão do Sul está classificado em 118.º lugar, sendo um país "onde reina a censura e onde ameaças e intimidações contra jornalistas e meios de comunicação são constantes", com pelo menos nove jornalistas mortos desde 2014.

Leia Também: ONU alerta que violência no Sudão pode gerar "maior crise de fome"

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