O ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernandez foi hoje considerado culpado de tráfico de droga e armas por um júri de Nova Iorque e enfrenta agora prisão perpétua, após um julgamento histórico para a justiça norte-americana.

Juan Orlando Hernandez, que os procuradores federais dizem ter criado um narcoestado durante os seus oito anos de presidência, entre 2014 e 2022, foi considerado culpado de conspiração para cometer tráfico de drogas e tráfico de armas, bem como posse de armas.

A sentença será pronunciada posteriormente pelo juiz Kevin Castel.

Hernández ouviu a sentença sem fazer qualquer gesto, mas quando se levantou da cadeira e saiu da sala, virou-se para a audiência e olhou para as suas duas cunhadas - a sua mulher não viajou porque os EUA negou o visto -- dizendo-lhes: "Eu sou inocente. Eu amo-vos muito, digam ao mundo".

Cinquenta hondurenhos que estavam fora do tribunal começaram imediatamente a comemorar após ser conhecido o veredicto, noticiou a agência Efe.

Segundo a acusação, Juan Orlando Hernández recebeu milhões de dólares em subornos de cartéis de drogas, incluindo o cartel de Sinaloa, liderado pelo notório traficante de drogas mexicano Joaquin "El Chapo" Guzman, condenado à prisão perpétua pelos tribunais norte-americanos em 2019 e agora encarcerado numa prisão de alta segurança.

Estes subornos teriam sido recebidos em troca da proteção dos traficantes contra extradições e da garantia, através de assistência militar, policial e judicial, do transporte de drogas da Colômbia para o mercado norte-americano.

Durante a sua presidência, Honduras tornou-se uma 'autoestrada' para a cocaína colombiana, de acordo com os procuradores.

A justiça norte-americana detalhou ainda que entre 2004 e 2022, a rede apoiada por Hernandez contrabandeou mais de 500 toneladas de cocaína para os Estados Unidos.

O antigo chefe de Estado hondurenho foi extraditado em abril de 2022 para os Estados Unidos.

Embora durante o julgamento não tenham sido apresentadas provas conclusivas - na forma de vídeos, áudios ou comunicações intercetadas - que incriminassem Hernández, de 55 anos, o júri foi convencido pelos depoimentos prestados por conhecidos traficantes de drogas que testemunharam contra o hondurenho, depois de já terem sido declarado culpados perante a justiça norte-americana, presumivelmente à procura de um alívio na sentença, referiu ainda a Efe.

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