Participação de 41% nas eleições iranianas? "Golpe para opositores"

O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, disse hoje que a participação dos iranianos nas eleições parlamentares de sexta-feira foi "um golpe para os opositores teimosos" do país, numa afluência às urnas que, segundo dados iniciais, rondou os 41%.

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© Fatemeh Bahrami/Anadolu via Getty Images

Lusa
02/03/2024 11:29 ‧ 02/03/2024 por Lusa

Mundo

Ebrahim Raisi

"Esta presença, cheia de paixão e compreensão, foi mais um golpe para os teimosos opositores do Irão, depois do golpe histórico que receberam nos distúrbios do ano passado", disse Raisi num comunicado divulgado pela agência noticiosa estatal IRNA, passando por cima da mais baixa taxa de participação em eleições no país.

O Presidente iraniano, dirigindo-se aos responsáveis de forças políticas que boicotaram a votação, referia-se, sobretudo, aos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, em 2022, em que exigiram o fim da República Islâmica.

Teerão acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de fomentarem.

Raisi afirmou agora que "os detratores do Irão usaram todo o seu poder para fazer com que as eleições de sábado não fossem bem-sucedidas" e alegou que gastaram "milhares de milhões de dólares" nisso. 

O Irão começou hoje a contagem dos votos das eleições para o parlamento e a Assembleia de Peritos que, segundo dados provisórios citados pela agência de notícias estatal, tiveram uma taxa de participação de cerca de 41%.

Os resultados oficiais deverão ser anunciados no domingo, dois dias após o ato eleitoral, tal como aconteceu nas eleições legislativas de anos anteriores.

O Irão realizou eleições legislativas e para a Assembleia de Peritos na sexta-feira, tendo prolongado por três vezes o horário de funcionamento das urnas, com 61 milhões de pessoas chamadas às urnas nas primeiras eleições após os protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini em 2022.

A morte de Mahsa Amini, às mãos da Polícia dos Costumes, desencadeou fortes protestos feministas que pediam o fim da República Islâmica e desvaneceu-se após uma repressão policial que resultou em 500 mortos, na detenção de 22 mil pessoas e na execução de oito manifestantes, um deles em público.

As eleições foram dominadas pelos conservadores e decorreram no meio de um descontentamento popular que ameaça uma baixa taxa de participação, não só devido aos protestos, mas também à má situação económica e à desqualificação dos políticos reformistas.

As autoridades multiplicaram os apelos ao voto, enquanto os opositores e mesmo os políticos reformistas apelaram ao boicote das eleições.

Cerca de 15.200 candidatos - 1.713 dos quais mulheres - disputam os 290 lugares no Parlamento, enquanto 144 clérigos concorrem aos 88 lugares na Assembleia de Peritos, o órgão que elege o líder supremo da República Islâmica em caso de vacatura.

Este órgão é eleito de oito em oito anos e poderá ter um papel decisivo na presente legislatura, uma vez que o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, já tem 84 anos.

Leia Também: Irão começa a contar votos das legislativas

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