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Aliança de esquerda conquista Sardenha (e impõe 1.º desaire a Meloni)

A candidata de uma aliança de centro-esquerda às eleições regionais na ilha italiana da Sardenha, Alessandra Todde, venceu o candidato da coligação de direita, impondo a primeira derrota à maioria da primeira-ministra Giorgia Meloni.

Aliança de esquerda conquista Sardenha (e impõe 1.º desaire a Meloni)
Notícias ao Minuto

10:28 - 27/02/24 por Lusa

Mundo Itália

De acordo com resultados praticamente finais das eleições do passado domingo -- estão escrutinadas 1824 das 1844 assembleias de voto (98,9%) -, Todde, a candidata de uma aliança entre o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) e o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista de esquerda), venceu por uma estreita margem Paolo Truzzu, o candidato da coligação de direita e extrema-direita formada por Irmãos de Itália, Liga e Força Itália, ao recolher 45,4% dos votos, contra 45% do candidato conservador, que já assumiu a derrota.

Numas eleições que eram encaradas como um verdadeiro teste para aferir as possibilidades de uma aliança de centro-esquerda poder competir a nível nacional com a coligação atualmente no poder, o triunfo de Todde constitiu a primeira derrota da aliança de direita liderada por Giorgia Meloni desde a sua chegada ao poder há sensivelmente ano e meio, e foi efusivamente celebrada pelos líderes do PD, Elly Schlein, e do M5S, Giuseppe Conte.

Schlein e Conte voaram mesmo na segunda-feira à noite para a Sardenha, quando uma vitória começou a ganhar forma, para surpresa de muitos, até porque as sondagens nos dias anteriores às eleições apontavam para uma vitória de Truzzu por uma margem de 5 pontos percentuais.

"O vento está a mudar", comentou hoje de manhã a líder do PD, principal partido da oposição, enquanto Conte, particularmente satisfeito pela eleição de um membro do seu partido, "a primeira presidente regional do M5S e a primeira mulher a governar a Sardenha", classificou o dia de hoje como inesquecível.

Os dois líderes consideram que a eleição na Sardenha demonstrou que a unidade da esquerda pode constituir uma fórmula válida no resto do país, até porque em futuros atos eleitorais, designadamente nas próximas eleições regionais, agendadas para 10 de março em Abruzzo (centro), a plataforma de esquerda poderá contar com outros aliados, como o Italia Viva, do antigo primeiro-ministro Matteo Renzi, e o Azione, de Carlo Calenda, ambos partidos de esquerda que não quiseram integrar a aliança na Sardenha, e que obtiveram juntos 8,6% dos votos na Sardenha.

"É uma lição que teremos em conta. O colapso interno da direita é um bom sinal para o país e para a Sardenha, que a Liga tão mal governou", comentou Calenda.

O resultado na Sardenha promete também intensificar as tensões no seio da coligação de direita, até porque o candidato conservador derrotado, Truzzu, era uma aposta pessoal de Meloni, que insistiu no seu nome, apesar de Matteo Salvini, líder da Liga (direita radical), ter defendido a recandidatura do governador cessante, Christian Salinas, do seu partido, apesar de este ser alvo de uma investigação num caso de corrupção.

Truzzu já reconheceu a derrota, "por um cabelo, cerca de 2 mil votos entre 750 mil eleitores que foram votar", felicitou Todde e assumiu a responsabilidade exclusiva do desaire, que, no entanto, promete provocar 'ondas de choque' na coligação de direita e extrema-direita, até porque, contra todas as expectativas, o PD ter-se-á mesmo imposto aos Irmãos de Itália de Meloni nesta eleição na Sardenha (13,8% contra 13,6%) e a Liga de Salvini teve um resultado desolador (3,7%, bem atrás do Força Itália, 6,3%).

"Termina o mito da Meloni invencível", comenta hoje o jornal La Stampa, que antecipa grandes convulsões na direita italiana, a pouco mais de três meses das eleições europeias, até porque o desaire na Sardenha interrompe uma série muito longa de triunfos regionais, na Calábria, Sicília, Lázio, Lombardia, Friuli, Molise e Trentino.

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