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Saara Ocidental. França reitera apoio a projeto de autonomia de Marrocos 

A França reiterou hoje o apoio "claro e constante" de Paris ao projeto marroquino de autonomia do Saara Ocidental e garantiu a vontade de fazer avançar a questão, indicou, em Rabat, o chefe da diplomacia francesa.

Saara Ocidental. França reitera apoio a projeto de autonomia de Marrocos 
Notícias ao Minuto

13:40 - 26/02/24 por Lusa

Mundo Marrocos

Na visita a Marrocos, que visa relançar as relações bilaterais, após um período de arrefecimento, de Stéphane Séjourné garantiu que Rabat pode contar com o apoio" de França.

"Esta é uma questão existencial para Marrocos. Sabemos disso", declarou o chefe da diplomacia francesa durante uma conferência de imprensa ao lado do homólogo marroquino, Nasser Bourita.

"Marrocos pode contar com o apoio claro e constante da França [ao projeto de autonomia]. Já o dissemos antes e repeti-lo-ei hoje, talvez ainda com mais força: é tempo de avançar. Vou tratar pessoalmente de o fazer", acrescentou.

O Saara Ocidental, uma antiga colónia espanhola, é controlado na sua maior parte por Marrocos, mas é reivindicado pelo movimento de libertação sarauí Frente Polisário, apoiado pela Argélia. 

A ONU considera o Saara Ocidental um "território não autónomo".

Instado pelos jornalistas a ser mais específico, o ministro francês afirmou que pretende "acompanhar o desenvolvimento" da região, "apoiando os esforços marroquinos".

"Marrocos investiu muito em projetos de desenvolvimento em benefício das populações locais e na formação, nas energias renováveis, no turismo e na economia azul ligada aos recursos aquáticos", afirmou.

A visita de Séjourné, que surge após uma série de crises diplomáticas entre Paris e Rabat, tem como objetivo "abrir um novo capítulo" nas relações, segundo uma fonte diplomática.

Hoje o chefe da diplomacia francesa propôs uma parceria "de vanguarda" com Marrocos para os próximos 30 anos, centrada nomeadamente nas energias renováveis, na formação e no "desenvolvimento de novos ecossistemas industriais inovadores".

"A França é um parceiro privilegiado de Marrocos nos planos político, económico e humanitário", sublinhou o chefe da diplomacia marroquina, Nasser Bourita.

Em outubro de 2023, em declarações à agência Lusa, em Lisboa, o representante da Frente Polisário para a Europa e Instituições Europeias, Mansour Omar, considerou "bastarda" a proposta de uma maior autonomia para o Saara Ocidental apresentada por Marrocos e insistiu no referendo de autodeterminação do povo sarauí.

Na altura, Mansour Omar desdramatizou a proposta de Rabat, que tem vindo a ganhar apoios internacionais, considerando-a uma forma de "descarrilar o processo de paz" iniciado em 1991.

"A autonomia é uma proposta bastarda. É uma forma de descarrilar o processo de paz que estava bem encaminhado em bases sólidas, em bases neutras, que é a organização de um processo de referendo democrático no Saara Ocidental", afirmou o diplomata e antigo ministro da República Árabe Sarauí Democrática (RASD).

Para Omar, a autonomia, proposta de forma "individual e unilateral", não se enquadra" no processo de paz, mesmo depois das pressões internacionais" -- "de alguns membros do Conselho de Segurança da ONU e de países africanos" -- para que Rabat aceite o referendo.

No entanto, garantiu que, para a Polisário, "ainda há espaço para negociações", sendo, porém, vago no que diz respeito à composição do corpo eleitoral habilitado a votar num referendo, elaborado e definido em 1991 (na altura da assinatura dos acordos de paz na ONU e que definiu a realização da votação) e, mais tarde, revisto em 2007. 

Questionado pela Lusa sobre as divisões reinantes no Conselho de Segurança da ONU -- os Estados Unidos apoiam Marrocos e a Rússia a Argélia (que abriga o regime sarauí) --, Omar também desdramatizou a questão.

"Não é uma questão que se insere no quadro de confrontos estratégicos, mas sim o problema de uma simples descolonização de um território que foi impedido de descolonizar, porque se impôs uma ocupação de um país", Marrocos, em 1975, respondeu.

Leia Também: Migrações? Sánchez considera exemplares acordos de Espanha com Marrocos

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