Ucrânia? Partido Comunista Chinês culpa defesa europeia pela guerra
Um jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC) afirmou hoje que a guerra na Ucrânia é consequência do desequilíbrio na arquitetura de segurança europeia, que "não respeita" as "legítimas preocupações" de segurança da Rússia.
© Kevin Frayer/Getty Images
Mundo Ucrânia
"Movidos por uma arrogância inerente, presunção e atitude egoísta, os Estados Unidos e o Ocidente promoveram a expansão da NATO para leste sem considerar as sensibilidades históricas e geográficas únicas da Rússia e da Ucrânia", acusou, em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.
O jornal defendeu que o conflito era evitável e que "houve inúmeras oportunidades para atenuar ou mesmo resolver a crise que foram desperdiçadas".
"Isto acabou por conduzir a uma situação incontrolável", apontou.
A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico ao país vizinho. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (223 mil milhões de euros).
Em dezembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, voltou a frisar que manter relações robustas com a Rússia é uma "escolha estratégica" da China, durante uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishoustin, em Pequim.
Na véspera do segundo aniversário do início da guerra, o Global Times lamentou que os EUA e a Europa ainda estejam a ponderar a imposição de sanções adicionais à Rússia, e que não tenha sido encontrada forma de parar os combates.
"Lamentavelmente, apesar de dois anos de derramamento de sangue, as partes envolvidas continuam a não fazer uma introspeção suficiente", afirmou.
O jornal citou os princípios da Iniciativa para a Segurança Global, lançada por Xi Jinping, como potencial solução para o conflito.
Promovida por Pequim nos últimos anos, aquela iniciativa traduz o esforço da China para se aproximar do centro da governação das questões internacionais, através da construção de uma arquitetura diplomática e de segurança que substituía o sistema de tratados e alianças liderado pelos Estados Unidos.
"A Iniciativa salienta que as preocupações legítimas de segurança de qualquer país devem ser levadas a sério e devidamente abordadas, e não devem ser ignoradas ou sistematicamente violadas durante muito tempo", lê-se no editorial.
O Global Times acusou a "obsessão" e a busca pelos EUA e os seus aliados europeus por "políticas de grupo e confronto" por fazerem outros países sentirem-se "inseguros".
Isto reflete preocupações de Pequim com a formação de parcerias de Defesa que buscam conter a ascensão da China no leste da Ásia.
As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas por Washington, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS.
"A maior lição que o conflito Rússia - Ucrânia ensinou ao mundo é que a segurança deve ser partilhada, caso contrário, conduzirá inevitavelmente a dilemas de segurança intratáveis", afirmou o Global Times.
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