"A pedido de França, 42 pessoas conseguiram sair hoje da Faixa de Gaza, através do posto de passagem de Rafah", em direção ao Egito, revelou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Até agora, mais de duzentas pessoas foram retiradas de Gaza "a pedido da França".
Este anúncio surge poucos dias depois da morte de um professor francês que colaborou durante vinte anos com o Instituto Francês em Gaza, que morreu de doença por falta de tratamento devido às "condições de saúde catastróficas" ali existentes, adiantaram fontes diplomáticas à agência France-Presse (AFP).
O Governo francês sublinhou que a retirada destas pessoas é "o resultado de medidas tomadas pelas autoridades francesas, levadas a cabo ao mais alto nível".
Durante a sua visita a Israel, o ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné, teve a oportunidade de sublinhar a importância destas pessoas serem "autorizadas a encontrar refúgio em França".
As pessoas retiradas de Gaza foram recebidas no lado egípcio pela Embaixada da França e pelo Consulado Geral da França no Cairo, em coordenação com equipas do Centro de Crise e Apoio do Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros.
"Continuamos totalmente mobilizados para permitir a saída de outras pessoas cuja situação a França está a monitorizar em Gaza, a fim de permitir a sua retirada para o nosso país", acrescentou a diplomacia francesa na nota de imprensa.
A França apontou ainda que Israel deve tomar "medidas concretas para proteger" os civis em Gaza e reiterou o seu "apelo ao fim dos combates".
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 67.000, também maioritariamente civis.
As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.
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